A violência contra a mulher foi o tema do Trabalho de Graduação das alunas Cinthia Antonio de Oliveira e Lais Silva, do curso de Enfermagem da Unitau. A dupla teve como público alvo estudantes de graduação e apresentou o trabalho no final de 2017.
Foram mais de 150 respostas de acadêmicas e o objetivo do trabalho era identificar os tipos de violência sofrida praticada pelo parceiro íntimo.
Entre as que sofrem violência física, o tipo de agressão mais comum é o empurrão (93%). Já na psicológica, predomina o insulto e a humilhação (46%). O questionário contemplava também a violência patrimonial, quando o parceiro controla o dinheiro e os bens, e cerca de 30% relataram sofrer esse tipo de violência.
Com relação à violência sexual, 72% relataram se sentir pressionadas a manter algum tipo de contato sexual com o parceiro.
Das que se disseram controladas pelo parceiro, 61% afirmam que eles selecionavam suas amizades.
Entre as vítimas de violência, cerca de 60% responderam que não denunciaram as ocorrências.
“O resultado me surpreendeu porque a gente imagina que, por serem meninas estudadas, que estavam se formando, elas teriam outra mentalidade. Algumas que sofreram algum tipo de violência não denunciaram, não falaram com ninguém”, afirma Cinthia.
“O que também chamou a atenção é o fato de que muita gente acha que violência é só a física. A psicológica é muito frequente e a gente costuma dizer que ela não deixa marcas físicas, mas ela deixa marcas emocionais, que as vezes são mais difíceis de se lidar do que as físicas”, comenta a profa. Ma. Cláudia Aguiar, orientadora do trabalho.
A Universidade mantém o Grupo de Atendimento à Vítimas de Violência Sexual (Gavvis), que há 14 anos realiza atendimentos no Hospital Universitário de Taubaté. De acordo com dados do Gavvis, do início deste ano até agosto, foram atendidas 62 mulheres, sendo que a maioria dos casos aconteceu com crianças de até 12 anos. Há também o registro de oito ocorrências com homens, sendo sete delas com menores de 12 anos.
Os números apontam crescimento. Em 2017, o Gavvis registrou, durante todo o ano, 67 ocorrências com mulheres e 14 com homens.
Cinthia foi estagiária do Gavvis por dois anos e comenta a importância de o profissional estar bem preparado para atender pessoas que passaram por algum tipo de violência. “Ter atuado nesse projeto de extensão contribuiu para a minha formação com relação a como abordar qualquer paciente com delicadeza, a como chegar e conversar, a como dar apoio. Me mudou muito, tanto profissionalmente quanto pessoalmente. Eu acho que me tornei uma outra pessoa. Ver a quantidade de pessoas que já sofreram foi bem difícil. Por isso é importante falar sobre esse tema”.
Outra contribuição do trabalho para o meio acadêmico é a de trazer o assunto à tona e torná-lo parte das discussões na Universidade. “Nós sugerimos, como conclusão do trabalho, que o tema fosse mais abordado, em todas as áreas do conhecimento, mas em especial para a da saúde. Mais cedo ou mais tarde, podemos atender um paciente que passou por isso. Discutir e saber como acolher essa vítima embasa você, dá segurança em atender”, finaliza a professora Cláudia.