• Rogério Miguez
Estas palavras do Amigo Incomparável1 ecoam há séculos como uma verdadeira promessa de esperança, felicidade e paz a todos os aflitos. E quem não o é?
As aflições e ansiedades têm acompanhado a humanidade há milênios. Injustiças de toda a ordem, a brutal escravidão, o domínio pela força, mazelas incontáveis, guerras cruéis, doenças intrigantes, temos visto situações escabrosas e, tudo indica, ainda veremos muito mais até o ponto onde esta parcela de Espíritos chegados ao reino hominal reencarnando regularmente na Terra alcance níveis evolutivos mais elevados, condição nos possibilitando vivenciar um pouco de paz e alegria verdadeiras.
Entretanto, para se materializar esta realidade será preciso esforço, dedicação, paciência, resignação, e muito, mas muito empenho para domar as tendências negativas ainda nos caracterizando, construídas em incontáveis vidas anteriores, a nossa sombra.
Contar com o Rabi Galileu será sempre um alento importante para nós Espíritos ainda vacilantes e inseguros, temerosos em tomar da charrua e não olhar mais para trás, partindo resolutos, determinados, rumo à meta fatal de todos nós: a condição de relativa perfeição.
Enquanto estes tempos não se dão, lembrar e meditar sobre estas palavras do Cristo de Deus será sempre um grande estímulo, ajudando-nos a levantar os joelhos desconjuntados pelas lutas interiores e marchar como verdadeiros soldados do Cristo.
Nada obstante, é preciso bem entender esta promessa crística, de modo a não sermos enganados, por nós mesmos, pela falta de critério em bem ajuizar o real significado das palavras do Amigo Celestial.
Em um dos muitos livros relatando a vida de Chico Xavier, há uma excelente advertência dada por Emmanuel ao médium mineiro, esta, certamente serve para todos nós. A obra em questão é No Mundo de Chico Xavier2, segue um resumo do fato:
Após ter recebido de Emmanuel as primeiras informações referentes à sua missão, em 1931, Chico Xavier, naquela época, encontrava-se com uma deficiência funcional no olho esquerdo e, diante das orientações de seu guia espiritual lhe elencando tarefas na área da escrita, solicitou uma intervenção espiritual para sanar a problemática na vista, afinal, como trabalhar escrevendo e lendo continuamente com um aguilhão como aquele, ajuizou o cidadão uberabense? Emmanuel explicou que a doença da qual era Chico portador estava sob supervisão dos médicos da Terra, bem como dos Espíritos, acrescentando estar Jesus sempre ao seu lado auxiliando-o. Diante desta última informação, Chico de pronto entendeu que Jesus o curaria definitivamente. Emmanuel então pediu que o médium tomasse o compêndio que poderia se intitular o guia dos aflitos, O Evangelho segundo o Espiritismo, e, no capítulo sexto lesse em voz alta o texto do primeiro item. Assim o fez o médium mineiro e quando chegou à palavra “aliviarei…”, o Amigo Espiritual interrompeu-o e perguntou: “Compreendeu bem? Jesus não nos promete curar-nos, isto é, retirar-nos da bênção das obrigações que nos cabe cumprir, perante as leis de Deus, mas sim promete “aliviar-nos” e auxiliar-nos. Confiemos no Mestre Divino e trabalhemos.”
Transcorreram os anos e mais tarde Chico pôde bem aquilatar ser a doença da qual era portador uma ajuda para melhor compreender todos os doentes que lhe procuraram em busca de consolo ou uma palavra amiga e, mais ainda, podemos afirmar também não ter impossibilitado o desempenho a contento da grandiosa tarefa que lhe cabia desempenhar.
A lei de Deus não prevê milagres ou curas definitivas, estas poderão até acontecer, se houver a conjunção de situações necessárias e suficientes, contudo, mesmo não havendo a cura definitiva, sempre nos será oferecido pela espiritualidade superior: amparo, fortalecimento, fluidos, forças novas, um ombro amigo, alento renovador, desta forma, com estas importantes medidas de apoio encontraremos alívio, mas nem sempre a cura.
Este último desfecho depende de nossas necessidades de evolução, se já conseguimos sanar questões passadas quando prejudicamos os outros ou a nós mesmos, razões estas predominantes no surgimento das variadas doenças.
Alívio! Esta foi a promessa do Celeste Instrutor, nada mais.
Sigamos intimoratos, determinados, resolutos, a misericórdia e o amor de Deus por suas criaturas são imensos e nos alcançam de um modo ou de outro, incontáveis vezes sem ao menos percebermos. Busquemos este alívio pela oração, todavia, trabalhemos simultaneamente para em futuro próximo não precisarmos mais pedir, solicitando intervenções da espiritualidade a nosso favor, pois já saberemos como nos conduzir de modo a prescindir deste apoio maior, oferecido de bom grado, hoje, e enquanto não soubermos andar pelos nossos próprios pés.
Referências:
1 KARDEC, Allan. O Evangelho segundo o Espiritismo. Trad. Evandro Noleto Bezerra. 2. ed. 1. Imp. Brasília: FEB, 2013. cap. 6, it. 1.
2 BARBOSA, Elias. No mundo de Chico Xavier. São Paulo: Editora Calvário, 1968. cap.7. pág. 81.