Search
quinta-feira 28 novembro 2024
  • :
  • :

Vidas anteriores

• Gerson Sestini – Rio de Janeiro
A grande dúvida do cristão não espírita em relação à Justiça Divina aparece quando ele esbarra na afirmação de que Deus cria uma alma para cada ser humano que nasce, segundo o criacionismo religioso que nega sua pré-existência e consequente evolução. Até hoje não se encontrou teólogo que explicasse satisfatoriamente o porquê de nascerem crianças sem membros, cegas, surdas, idiotas, ou em condições sub-humanas, sem nenhum sentido para virem ao mundo, pois tais crianças não se coadunam com o Amor, a Bondade e a Misericórdia do Criador.
Diante da falta de uma resposta lógica e racional das religiões que não a aceitam, muitos se afastam de suas crenças e acabam por abandoná-las para trilhar o pedregoso caminho do ateísmo, alegando não possuir a fé que poderia sustentá-las se explicasse as contradições sobre à justiça divina. Por outro lado, o Espiritismo no-la mostra perfeita porque a evolução do espírito e a palingenesia estão contidas nas suas leis. Emmanuel afirma-nos: “Perfeição é a meta, reencarnação é o caminho”. Portanto, o espírito da criança que nasce hoje já viveu outras vidas, conservando em latência a inteligência desenvolvida pela faculdade do livre arbítrio. Na sua origem, a mônada criada por Deus faz milenares transmigrações através de espécies animais que vão evoluindo, passando pelos primatas para chegar à individualidade espiritual que hoje se manifesta no nascituro. Nas primeiras etapas da evolução o espírito é tendente ao egoísmo e às coisas materiais. Caberá ao reencarnante desenvolver o intelecto e a moral em contato com os semelhantes para liberar-se dos vícios e dominar as tentações com decisões sob o comando da consciência que se formou. Suas virtudes e novos conhecimentos facilitarão a formação da personalidade a ser plasmada.
Desde o início da gestação, os defeitos morais e os efeitos negativos das ações que contrariaram as leis divinas, poderão, conforme o grau de gravidade, influenciar o novo organismo que se desenvolve no útero materno. Esta ocorrência deve-se à atávica desorganização perispiritual a que se projetou do passado e que agora se manifesta no novo organismo. São essas as crianças com corpos defeituosos, ora portadoras das diversas síndromes congênitas, ao lado de outros fatores que comprometem o feto, como deficiências nutricionais, viroses adquiridas pela gestante e que atingem o novo organismo; ora por mutações, alterações do código genético herdado dos pais. Por outro lado, entre os espíritos com grandes débitos e que reencarnam em corpos dentro dos padrões da normalidade orgânica, estes podem entrar no mundo em condições de extrema miséria, suplantando situações sub-humanas, ou em meio a violentos conflitos sociais. O psicossoma que resistiu aos impedimentos de uma gestação normal, porta em si causas que gerarão outras formas de reajustes para equilibrar os braços na balança da justiça divina, pois não existem privilégios. Terão que enfrentar outros tipos de problemas, principalmente os de ordem moral, como grandes perdas e decepções em relacionamentos, dramas familiares, dificuldades na profissão, acidentes, doenças degenerativas, enfim, um ‘carma pesado’, segundo os que endossam a reencarnação, azarados, segundo outros, onde tudo de ruim acontece, parecendo que foram ‘marcados por Deus’ para uma vida infeliz.
Uma nova vida no plano físico é a maior dádiva que a Bondade Divina oferece ao espírito devedor, aliando Misericórdia à sua Perfeita Justiça, porque através dela ele poderá filtrar seus desacertos com a lei divina e realizar sua evolução onde o espírito é simultaneamente educador e educando para atingir os páramos de luz. Deus a concede a todos os espíritos, sem exceção, pois todos somos seus amados filhos, ora vivendo a experiência da carne, ora no mundo espiritual.
A reencarnação não é, pois, uma crença, mas fato comprovado pela pesquisa da ciência psíquica através de diferentes processos e metodologias. Sendo uma lei natural, é imutável e todos os seres humanos estão submetidos a ela. Para aqueles que estão na iminência de partir para o ateísmo ou o materialismo por não conhecê-la, recomendamos o estudo de obras sobre esta realidade, tanto de autores leigos como de cientistas, pois a reencarnação não é criação do Espiritismo, ele apenas a incorporou em sua doutrina.