Apesar da desaceleração dos preços, juros altos provocam queda do volume em relação ao mesmo período de 2022, diz CNC
As vendas do comércio para o Dia das Mães deverão atingir R$ 13,17 bilhões em 2023. O valor representa uma retração de 4,1% em relação ao mesmo período do ano passado. A estimativa é da CNC (Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo). O setor de vestuário, calçados e acessórios deverá faturar R$ 6 bilhões, apesar da queda esperada de 3% em relação ao volume observado no ano passado.
Em seguida, vem o segmento de farmácias, perfumarias e lojas de cosméticos, com vendas previstas na casa dos R$ 2,2 bilhões, e os estabelecimentos especializados na venda de utilidades domésticas e eletroeletrônicos, com R$ 1,7 bilhão. A maior alta deve ocorrer no ramo de hiper e supermercados: 0,6% perante 2022, o equivalente a R$ 1,87 bilhão no total.
Para o presidente da CNC, José Roberto Tadros, apesar das expectativas de vendas abaixo do ano passado, o movimento é bastante esperado pelos empresários do comércio. “Não apenas pela magnitude da data, mas também pela diversidade de segmentos impactados pelas comemorações, o Dia das Mães é considerado o Natal do primeiro semestre pelo varejo brasileiro”, afirma Tadros.
O economista da CNC responsável pela apuração, Fabio Bentes, aponta que, apesar da perspectiva negativa, os estados do Sul e Sudeste devem concentrar o maior ânimo para as compras.
Regionalmente, São Paulo (com vendas na casa dos R$ 4,2 bilhões), Minas Gerais (R$ 1,2 bilhão) e Rio Grande do Sul (R$ 1,2 bilhão) devem concentrar 51% das vendas. Entretanto, apenas 4 das 12 maiores unidades da federação deverão registrar avanços nos volumes de vendas locais: Rio Grande do Sul deve ter alta de 3,6%, Goiás de 2,5%, Paraná de 2,1% e Santa Catarina de 0,9%.
Apesar da desaceleração dos níveis gerais de preços, o economista da CNC aponta que as condições de consumo se mostram desfavoráveis à ampliação das vendas para o Dia das Mães, em virtude do aumento dos juros na ponta ao consumidor.
De acordo com o Banco Central, a taxa média de juros ao fim do primeiro trimestre de 2023 estava no maior patamar dos últimos cinco anos e meio. Com isso, os segmentos mais dependentes das condições de crédito, como eletroeletrônicos e utilidades domésticas, produtos de informática e comunicação e móveis e eletrodomésticos, tendem a registrar perdas expressivas em relação ao ano passado – as reduções das vendas devem chegar a 13,9%, 9,7% e 3,8%, respectivamente.
“A elevação dos juros tem surtido efeito não apenas no nível de atividade do setor, mas também nos preços ao consumidor, com reflexos na cesta de consumo de bens e serviços relacionados à data”, analisa Fabio Bentes.
Em 2023, esse grupo específico de bens e serviços deverá ter aumento de preços de 6,7% – abaixo do ritmo de reajustes verificado no ano passado, que foi de 10,8%. Cosméticos e itens de vestuário tendem a acusar variações superiores a 10% quando comparadas ao mesmo período de 2022.
No entanto, com a desaceleração da inflação, destacam-se as variações negativas observadas nos preços de computadores pessoais, televisores e aparelhos de som, com quedas de 13,2%, 11,5% e 9%, respectivamente.