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domingo 22 dezembro 2024
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Vacinas atuais podem não dar a mesma proteção contra Ômicron, dizem especialistas

Uma nova versão do coronavírus foi encontrada e os cientistas a consideram de “grande preocupação”. Diante do elevado número de mutações dessa nova variante, surge uma questão urgente: as vacinas ainda serão eficazes contra ela?
Entenda o que se sabe até agora sobre isso. Mas um spoiler: a vacinação continua sendo fundamental.

O que é a nova variante ômicron?

Existem milhares de diferentes tipos — ou variantes — de covid circulando em todo o mundo. Isso é esperado porque os vírus sofrem mutações o tempo todo.

Mas esta nova variante, chamada B.1.1.529 ou ômicron, tem deixado os especialistas particularmente preocupados porque é muito diferente da covid original, que foi usada como base para o desenvolvimento das atuais vacinas disponíveis.

A nova variante tem uma longa lista de alterações genéticas — 50 no total. Destas, 32 estão na proteína spike (ou espícula) do vírus — a parte que conecta o microorganismo à célula humana para iniciar a infecção e é o alvo de vacinas como as da Pfizer, AstraZeneca e Janssen

No entanto, ainda é cedo para saber se isso representa uma ameaça.

As vacinas ainda funcionam?

Vacinas como as da Pfizer, AstraZeneca e Janssen, que injetam a proteína spike no organismo humano para ensiná-lo a combater o coronavírus, podem não ser ideais para a defesa contra a nova variante ômicron, que tem mutações justamente nessa proteína, dizem especialistas.
Mas isso não significa que essas vacinas oferecerão proteção zero.

Já a CoronaVac, que é uma vacina de tipo tradicional, feita a partir do vírus inteiro inativado da Sars-CoV-2, pode apresentar vantagem com relação às demais, já que ela ensina o sistema imune a combater o vírus inteiro, e não apenas a proteína spike.

No entanto, isso são apenas especulações, pois ainda faltam pesquisas conclusivas sobre a eficácia das vacinas atuais no combate à nova variante. Mas fabricantes já anunciaram que podem readaptar seus imunizantes para o combate à ômicron em até 100 dias, se necessário.

Enquanto isso, as vacinas atuais continuam sendo de vital importância na proteção de vidas, reduzindo o risco de manifestações mais graves da doença e protegendo contra outras variantes importantes da covid, incluindo a delta, alpha, beta e gama.

Os médicos afirmam que é fundamental que as pessoas recebam o número recomendado de doses para obter proteção máxima contra variantes existentes e emergentes.

No Brasil, a terceira dose da vacina era originalmente recomendada a pessoas com idade acima dos 60 anos, imunossuprimidos (pessoas com algum tipo de deficiência imunológica) e profissionais de saúde que tivessem tomado a segunda dose há mais de seis meses.

No entanto, há algumas semanas, o Ministério da Saúde anunciou que todos os brasileiros com mais de 18 anos poderão tomar a dose de reforço cinco meses depois de terem tomado a segunda dose.

Mais de 62% tomaram as duas doses ou a vacina da Janssen. E pouco mais de 7% receberam a terceira dose, segundo dados da plataforma coronavirusbra1, que compila registros das secretarias estaduais de Saúde.

A média móvel de mortes pela covid-19 recuou consideravelmente nos últimos meses e está de volta aos níveis de abril de 2020. Segundo especialistas, isso é resultado do sucesso da vacinação.

Com que rapidez podemos obter novas vacinas contra variantes?

Versões atualizadas de vacinas contra variantes da covid já estão sendo projetadas e testadas, caso sejam necessárias em algum momento.

Se esse momento chegar, uma nova vacina pode estar pronta em semanas, para ser testada.
Os fabricantes também podem aumentar a produção rapidamente e os reguladores já discutem como acelerar o processo de aprovação.

Nenhuma etapa seria pulada, mas todo o processo — do projeto à aprovação — pode ser muito mais rápido do que quando as vacinas contra a covid foram lançadas pela primeira vez.

E as outras variantes?

As autoridades observam de perto algumas delas.
As potencialmente mais perigosos são chamadas de “variantes de preocupação” (variant of concern, na expressão em inglês) e incluem:

Delta (B.1.617.2), primeiro identificada na Índia e agora o tipo mais comum em circulação no mundo, inclusive no Brasil
Alpha (B.1.1.7), primeiro identificada no Reino Unido, se espalhou por mais de 50 países
Beta (B.1.351), primeiro identificada na África do Sul, foi detectada em pelo menos 20 outros países
Gama (P.1), primeiro identificada no Brasil, se espalhou para mais de dez outros países
As autoridades internacionais de saúde também estão de olho em uma descendente recente da variante Delta, chamado AY.4.2 ou “delta plus”.

Quão perigosas são as variantes?

Não há evidências de que nenhuma delas cause doença mais grave para a grande maioria das pessoas.
Tal como acontece com a covid original, o risco continua mais alto para pessoas idosas ou com comorbidades.
Mesmo assim, se uma variante for mais infecciosa, por se espalhar mais rapidamente, ela causará mais mortes na população não vacinada.

As vacinas oferecem alta proteção contra manifestações graves da covid-19, incluindo infecções causadas por variantes de preocupação. Os imunizantes também reduzem o risco de contrair o vírus.
Mas eles não eliminam completamente todos os riscos.

A orientação para evitar infecções continua a mesma para todas as variantes: lavar as mãos, manter distanciamento, usar máscara em locais fechados e aglomerados e ventilar os ambientes.

Por que as variantes estão surgindo?

Os vírus fazem cópias de si mesmos para se reproduzir, mas não são perfeitos nisso. Erros podem acontecer nesse processo, resultando em uma nova versão ou variante.
Se isso der ao vírus uma vantagem de sobrevivência, a nova versão prospera.
Quanto mais chances o coronavírus tem de fazer cópias de si mesmo em nós — o hospedeiro — mais oportunidades existem para que as mutações ocorram.
É por isso que é importante controlar as infecções. As vacinas ajudam a reduzir a transmissão e também protegem contra formas graves da covid.

Especialistas dizem que é possível que a nova variante B.1.1.529 ou ômicron possa ter se originado em um paciente cujo sistema imunológico não foi capaz de se livrar de uma infecção por covid rapidamente, dando ao vírus mais tempo para se transformar.