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segunda-feira 30 dezembro 2024
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Uma questão de escolha

• Gerson Sestini – Rio de Janeiro/RJ
Num estudo experimental sobre as pessoas que vivem nas ruas, um grupo de sociólogos, em país europeu, planificou um meio de conhecer melhor suas reações in loco. Para tal, parte de seus componentes decidiu viver entre os sem teto, confundindo-se com eles. Fogem-me à memória dados mais precisos sobre a pesquisa com aqueles homens de nível universitário que se propuseram, voluntariamente, a realizar a experiência. Depois do tempo prescrito, a maioria voltou aos seus postos com as experiências coletadas. Entretanto, uma parcela deles sentiu dificuldades em voltar para o grupo por sentirem-se adaptados àquele tipo de vida. Entre estes, contudo, uns poucos se recusaram em retornar a seus postos de trabalho, causando-lhes apreensão. Por mais que seus colegas tentassem, não conseguiram fazer que retornassem para assumirem suas atividades. Faltou-lhes o cuidado de não se deixarem identificar-se totalmente com os ambulantes. Este mergulho naquele tipo de vida custou-lhes a existência física, pois não puderam resistir aos seus malefícios, entre eles o vício das drogas que não souberam evitar. Seus frustrados colegas indagavam o porquê daquele fracasso. A resposta era simples e eles não se davam conta: seus amigos falharam por não estarem totalmente armados com o bem. Aceitar aquela tarefa fora-lhes uma má escolha.
André Luiz, em seu pequeno, mas valioso livro “Agenda Cristã” alerta sobre o perigo que sonda quem procura vasculhar os males da jornada evolutiva: “Tente situar um espinho e vários espinheiros virão ao seu encontro. Em face de tal contingência é necessário que você permaneça eminentemente equilibrado para não ferir-se”.
A lição serve para todos. Cuidemos para não cairmos ou reincidirmos nos percalços de nossa caminhada. Ninguém involui, mas pode paralisar ou retardar sua evolução. Contudo, diante da liberdade de arbítrio concedido ao espírito, quem estará eminentemente equilibrado para manter-se incólume ante às tentações, mormente àquelas ligadas ao pretérito? Diante das quedas, o débito, na contabilidade divina, só aumenta. E não haverá outro meio de livrar-se de seu peso senão reparar o prejuízo perante a perfeita justiça de Deus. Isto faz com que enfatizemos a busca do equilíbrio mental, valendo-nos dos conhecimentos que evidenciem a real importância do bem consubstanciado na moral para a formação do caráter, fato de vital importância na orientação de nossos passos, desde a infância. Estamos nos referindo ao sentimento moral de religiosidade que trazemos naturalmente dentro de nós, ligado ou não às religiões. Cremos que aqueles pesquisadores que sucumbiram naquela experiência seriam talvez ateus, presos exclusivamente ao materialismo, sem nenhuma educação religiosa, repelindo ou ignorando a natural tendência aos valores éticos que todos nós trazemos na consciência, tribunal de nossas ações. Lembramos aqui o benefício que lhes traria o Espiritismo, caso o conhecessem, porém, bastava a simples moral cristã, verdadeira e pura, ainda acessível por lá, uma vez que a Europa virou as costas à Terceira Revelação.
Voltando-nos do individual ao coletivo, o Velho Continente nos leva a meditar. Trocando tão importante passo que foi a Codificação Espírita, pelas conquistas materiais, ignorando-a e espezinhando-a em países precursores das grandes reformas, ao mesmo tempo em que, tomados por grandes ambições como a da fascinação hegemônica, eles acabaram por levar a humanidade a constantes disputas que desabaram em duas guerras mundiais, desequilibrando a morada do homem, nosso planeta Terra. Diante de tantos desacertos, na falsa busca de um equilíbrio social que não conseguem obter, as nações caminham aos tropeços. Tal busca estará certamente fadada ao fracasso enquanto se prenderem à materialidade, negando a existência de Deus e a imortalidade da alma, pois estas certezas nos apontam um futuro promissor, de acordo com as revelações dos espíritos. Os idealistas espiritualistas em meados do século dezenove, diante de tais revelações, imaginavam um mundo moralmente mais adiantado e sem guerras no século seguinte. Contudo, não passou de uma ilusão. Historicamente, as avançadas civilizações o foram apenas na superfície, pois na profundidade, a sabedoria e a moral sempre estiveram confinadas a uma ínfima parcela de seus componentes. O século vinte foi o de maiores conflitos e destruições que a humanidade já viveu. Prevaleceu em grande parte de sua população o orgulho e o egoísmo insuflados por seus dirigentes, distanciados dos verdadeiros sensos de justiça e amor ao próximo.
Iniciamos o terceiro milênio e o problema continua: se não nos armarmos com o bem, o fracasso certamente atingirá todo aquele que dele se descuidar. É tudo uma questão de escolha…