Inflação no Brasil, principalmente nos anos que antecederam o Plano Real em 1994, sempre foi um desafio.
Para os mais jovens, ou nem tão jovens assim, Inflação parece “meio distante”…
Na verdade, o que acontece é que a Inflação brasileira se comportou medianamente bem de 1995 até 2009, com alguns sustos, principalmente em 2002,, quando o dólar disparou em face do “mercado” se assustar diante da possibilidade de Lula e seu partido, o Partido dos Trabalhadores, ganharem as eleições presidenciais de 2002.
Afinal, Lula e o PT, até 2002, sempre foram simpáticos a algumas idéias polêmicas, idéias que tangenciavam temas como moratória externa .
Idéias que não foram levadas adiante, após Lula se eleger Presidente da República; daí, a queda forte do dólar logo em seguida.
Mas a Inflação Brasileira nem sempre foi “comportada”, a ponto da excelente jornalista de Economia, Miriam Leitão, escrever o livro “Saga Brasileira, a longa luta de um povo por sua moeda”.
A Inflação brasileira, principalmente a partir de meados dos anos 70 até 1994, quando da implantação do Plano Real, viveu fases de absoluta insanidade…10,20,30,40 e 50% ao mês…
Sim , caros leitores ! 50% ao mês era patamar para a inflação brasileira nos distantes anos 80 e parte dos anos 90.
Vários e fracassados congelamentos de preços se sucederam…nada…nada dava certo…
Nenhum país pode se “dar ao luxo” de brincar com a inflação…Que a diga a Alemanha que experimentou uma hiperinflação nos anos 20, e, que, segundo muitos economistas e historiadores foi a base para o surgimento do “salvador da pátria”, Adolf Hitler.
O Brasil muito menos…
O Brasil experimenta um período muito maior de “inflação bizarra”, nos moldes da “hiperinflação alemã”.
Muitos foram os estudos, as pesquisas…
A Inflação brasileira passou a se tornar “cobaia de laboratório”, “objeto de estudo” para várias pesquisas econômicas…no mundo inteiro…
“Não brinquem com Inflação”…
A inflação simplesmente destrói o poder aquisitivo de uma sociedade…nada é capaz de acompanhá-la.
A inflação é o maior imposto que uma sociedade paga…
O mais interessante é que ainda temos no mundo, e, principalmente no Brasil, acadêmicos, economistas e políticos que imaginam que podemos ter inflação de 10%…15% ano ano, sem danos “maiores”…
“Um pouco de inflação”, desde que seja acompanhada de crescimento, “não faz mal a ninguém”, é o que está por trás de muitos pensamentos econômicos…
“NÃO CAIAM NESSA”!!!
Não devemos ter inflação nem com alto, nem muito menos com baixo crescimento…
NÃO DEVEMOS TER INFLAÇÃO……
Não devemos ser tolerantes com a inflação…
Nada…nada…nada…nenhuma brecha…
O Brasil, nos últimos 3-4-5 anos tem agido na contramão desse argumento.
Demos total liberdade para que inúmeras variáveis pudessem, direta ou indiretamente, jogar a inflação brasileira para patamares perigosos.
Estamos há 3 anos com uma inflação anual no teto da meta, no limite do “descontrole”.
Tenho batido aqui e em meu blog muito nessa tecla.
Os mais jovens podem achar que seja um tema secundário…
Não…não é….é tema primário…relevante.
Talvez esses jovens, abaixo de 35 anos, comecem, dada a disparada de preços de vários itens nos últimos 2-3 anos, a perceber isso…
Buscarei nesse espaço, ao longo do tempo, discutir um pouco mais sobre Inflação, mas na seguinte linha:
1 – Vamos tentar contextualizar a inflação brasileira nos anos 70-80 e parte dos anos 90.
2- Vamos relembrar algumas de suas origens, obstáculos e desafios da época
Comecemos por 2 gráficos.
Um, o IPCA anual dos últimos 22 anos, de 1991 até hoje.
Vejam que em 1989 chegamos perto de 2.000% ao ano de inflação! E, em 1993, perto de 2.500% ao ano!
O segundo gráfico diz respeito ao tamanho do desafio de tratar a inflação brasileira ali perto de 1994, às vésperas do Plano Real, com “RESERVAS INTERNACIONAIS” no patamar de US$ 40-50 Bilhões, que era o patamar da época.
Isso, num país à época dominado por imensos conglomerados nacionais que dificultavam a concorrência estrangeira.
Isso era uma das grandes críticas de Gustavo Franco, então secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda.
Para enfrentar a Inflação da época, havia várias frentes.
Uma delas era encontrar o equilíbrio entre o baixo patamar de “Reservas Internacionais” e o “valor do câmbio” de modo que ambos pudessem promover uma entrada tal de produtos importados, não produtos “eletrônicos”, mas sim alimentos, matérias-primas, enfim, produtos importados que pudessem concorrer com os produtos nacionais na linha de “primeira neessidade”.
Uma cena pouco comum nos dias de hoje, mas que em 1994-1995 era “normal”, era ver “Leite importado”…sim…caixas “tetrapak” de leite importados eram frequentes nas prateleiras…
Os empresários brasileiros teriam que se adaptar aos novos tempos…
Isso era apenas um dos desafios…um dos obstáculos…não era o maior….
Aos poucos, vamos ilustrando mais e mais…
Apenas como curiosidade, vejam no gráfico acima, que, a partir de 2005-2006, com a explosão das commodities e com o mundo “crescendo” (pelo menos até 2007), o Brasil obtém fortes superávits comerciais, o que faz a CONTA “RESERVAS INTERNACIONAIS” disparar..