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sexta-feira 8 novembro 2024
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Um mundo cheio de paradoxos

Há pouco tempo atrás, quando eu ligava o rádio e girava o dial em busca de notícias , era preciso saber localizar cada emissora e seu país de origem , principalmente nas Ondas Curtas. As emissoras locais tinham frequências mais restritas no FM – frequência modulada -, as AM(s) – amplitude modulada-, as emissoras em OM – ondas médias -, as transmissões em OT – ondas tropicais – e o espectro das ondas curtas com uma gama de variação bem mais ampla. Era uma gama de sinais vindo de diversas partes do mundo, com muitas informações sobre cada localidade. Depois vieram as transmissões via satélite e o acordo com muitas emissoras locais, ajustado aos centros de formação de radialistas e jornalistas para atuarem em regiões mais distantes , principalmente nos países com conflitos internos ou com ditadores sanguinários no poder.
Hoje, com a evolução da internet e a soma de diversas possibilidades de pontas de mídias, temos muito que refletir sobre esse processo que, ao mesmo tempo em que serve de facilitador da informação, traz consigo a legitimação de outros poderes que servem de base para destruição da democracia. Dentro desse contexto, temos outras reflexões que conduzem ao avanço da coleta de informação por parte das redes sociais, que refletem diretamente sobre a questão dos direitos de cidadania e na opção de alienação por parte dos Estados e suas agências de inteligências que fazem um jogo claramente sujo para a manutenção do poder.
É nesse contexto que entram os fake news, a guerra híbrida, a exploração da justiça e dos legisladores que, por necessidade de aparecer e estar bem com uma parte da opinião pública, retira muitas coisas do seu contexto para serem interpretadas como facilitadoras do caos. Há uma lógica em tudo isso, que faz pensar o mundo sobre esse viés conservador, cheio de antagonismos e incapaz de dar soluções claras e objetivas sobre os acontecimentos. Essa lógica é a pura incerteza.
Quando observo determinadas pessoas fazendo defesa de notícias infundadas, tenho receio pelo mundo que estamos preparando para o futuro. Tudo isso parece apontar para um beco sem saída mas, na verdade , há um propósito muito claro que coloca as conquistas sociais à margem, garantindo a volatilização dos capitais e o jogo de poder. Há aí um favorecimento dos grupos econômicos que se organizam e, em nome da geração de empregos, exploram os bens adquiridos pela humanidade ao longo de sua história. Essa exploração poderá durar muito mais do que imaginamos , se não atendermos o chamado para um mundo melhor e sem a exploração de um sistema capitalista, que usa de certa dialética ao contrário para abrir novos fronts, cavando a sepultura da possibilidade de humanização do ser humano. É uma era de incertezas, sem clareza de objetivos e cheia de dúvidas que só acarretam perdas para os menos favorecidos, que são os que mais trabalham para manter essa ordem.
E é por isso que coloco em dúvida essa riqueza toda em mãos de poucos que, sem a massa trabalhadora atual ou a escravidão do passado, não teria acumulado somas tão elevadas. Então só posso informar que sem trabalho não há produção e sem produção não há riqueza, mas existe alguém que especula com seu capital nas bolsas de valores, pelo mundo afora achando que não precisa do trabalho. Logicamente que está totalmente enganado ou faz valer uma verdade de que não se sustenta em nenhum momento da história humana.
Um exemplo muito claro são os acontecimentos recentes que vêm permeando a cena política dos países latino-americanos, com a derrubada de regimes democráticos com apoio de grupos de extrema direita, que buscam entregar os recursos naturais e, como contra peso, coloca as massas trabalhadores sob a égide desses capitais abutres. Esses capitais são corruptos por natureza e corrompem o Estado, usando a falsa ideia de manutenção da ordem. Isso , no entanto, serve de pretexto para o aprofundamento da desigualdade e a desumanização da sociedade, colocando em risco suas instituições democráticas. Não posso encerrar qualquer questão sem dizer que estamos vivendo em mundo marcado pela globalização da pobreza, com capitais extremamente volatilizados. Ou a gente opera com os acontecimentos, ou seremos os acontecimentos e, com isso deixaremos de ser povo, passando a ser público. Ou seja, viver como público parece fácil, mas se analisarmos com mais seriedade tudo o que está acontecendo e voltarmos à era do rádio e da tevê no passado recente, podemos entender claramente o significa viver o hoje sem a expectativa do amanhã.