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domingo 29 dezembro 2024
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Um corredor de vida para a Mata Atlântica e o Rio Paraíba

Há 10 anos, Corredor Ecológico promove ações voltadas ao desenvolvimento sustentável, social e econômico da região do Vale do Rio Paraíba do Sul; foco é o engajamento da sociedade no reflorestamento da mata nativa
Já pensou em quantas ações cabem dentro do verbo reflorestar? Antes mesmo de plantar a primeira muda, é necessário refletir sobre o tipo de relação que queremos ter com as florestas. Afinal, fazemos parte do mesmo bioma.
Pois foi este caminho, de reflexão sobre a floresta, o escolhido pelo Corredor Ecológico Ecológico Vale do Paraíba, organização da sociedade civil que completa 10 anos de atividades em 2019.

O projeto nasceu com o objetivo de criar – como o nome já sugere – um corredor ecológico para interligar diferentes fragmentos de Mata Atlântica na região do Vale do Rio Paraíba do Sul, conectando 150 mil hectares de floresta.
Para tanto, foi desenvolvida uma metodologia chamada “Linhas de Conectividade”, em parceria com a Empresa Júnior da Faculdade de Engenharia da Unesp Guaratinguetá, para investir de forma estratégica em linhas de conectividade, criando um corredor de 6.000 hectares de área reflorestada.

As linhas de conectividade são como fios condutores, que unem os fragmentos da mata nativa na região. Desta forma, o que se pretende é interligar o que antes estava isolado, permitindo o fluxo biológico de animais e sementes, além de conciliar conservação da biodiversidade, proteção dos recursos hídricos e desenvolvimento ambiental e socioeconômico da região.

Diálogo com o produtor rural

Só um bom projeto, no entanto, é insuficiente para garantir o sucesso das ações. A equipe acredita que é fundamental promover o protagonismo dos produtores rurais nos contatos com o Corredor Ecológico.

De acordo com o presidente do Conselho Deliberativo do Corredor, Sergio Esteves, o reflorestamento é um processo que se constrói em conjunto com o homem do campo.

“É fundamental que a sociedade esteja integrada às decisões envolvendo restaurações ambientais, arranjo produtivo e organizações econômicas locais. Não posso querer que as pessoas vivam uma realidade que o projeto pensou para elas, como um mecanismo da sociedade civil; devemos estar a serviço da comunidade”, diz.

Esse diálogo é determinante nas ações de reflorestamento e educação ambiental. O método assegura que as demandas da população local sejam supridas – sempre, é claro, considerando práticas sustentáveis.

Mais florestas, mais água

Restaurar paisagens e florestas é fundamental para conservar os solos e promover a segurança hídrica. O reflorestamento ajuda a proteger as áreas de mananciais e nascentes dos rios e é um aliado contra a crise hídrica – que, de acordo com o Fórum Econômico Mundial, está no topo da lista de impactos mais temidos em escala global.

Com 39 cidades, a região do Vale do Rio Paraíba do Sul carrega a nascente do rio – que percorre aproximadamente 180 cidades. A bacia abastece cerca de 15 milhões de pessoas de três estados diferentes: São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais. No estado fluminense, suas águas são responsáveis por 90% do abastecimento da região metropolitana da capital.

O Corredor Ecológico incentiva proprietários de terra a preservar e recuperar nascentes, garantindo que os mananciais que nascem no Vale do Paraíba continuem oferecendo água em abundância e qualidade.

A atuação do Corredor Ecológico, nos três eixos da sustentabilidade

Social:

O processo de restauração florestal começa com o protagonismo local, a partir da mobilização da comunidade. O reflorestamento inicia com ações de educação ambiental, seja com o público diretamente envolvido, seja com a população dos arredores.

Ambiental:

O Corredor Ecológico desenvolve e aplica metodologias específicas, conforme a necessidade: conexão dos fragmentos isolados da Mata Atlântica; restauração convencional; agroflorestas. O foco é sempre na ampliação da oferta de serviços ecossistêmicos relacionados à água e à biodiversidade.

Econômico:

A colaboração do Corredor Ecológico tem um olhar especial para o futuro, associando a iniciativa ambiental ao desenvolvimento econômico. Estudam-se manejos inteligente para a propriedade rural, auxiliando o proprietário na geração de renda, sempre com respeito à cultura da região.

Números

O Corredor Ecológico já promoveu a recuperação de 430 hectares (o equivalente a 430 campos de futebol), com 717 mil árvores plantadas.

Mais de 90 propriedades privadas participaram desse processo, mobilizando 7.000 pessoas, entre produtores, agentes públicos, escolas e comunidade.

As toneladas de carbono sequestradas pelo Corredor Ecológico, ao longo desses 10 anos, correspondem às emissões geradas por 1.622 voltas ao mundo de caminhão ou 73 mil viagens, considerando ida e volta, de São Paulo ao Rio de Janeiro.

Os ODS da ONU

O trabalho do Corredor Ecológico também está baseado na Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável, que contém o conjunto de 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) – uma lista de tarefas para todas as pessoas com o objetivo de colocar o mundo em um caminho sustentável.

Responsável pela área de articulação e mobilização do Corredor Ecológico, Tatiana Motta afirma que a vocação do Corredor Ecológico ao diálogo com diferentes setores da comunidade, a fim de trocar experiências para promover ações sustentáveis, está intimamente ligada aos ODS.

“Preservamos essa característica em todos os lugares onde atuamos. Na prática do reflorestamento, não há uma fórmula pronta para que as coisas aconteçam. É nessa troca de experiências que conseguimos um trabalho mais efetivo”, afirma Tatiana. “Inclusive, um dos ODS que trabalhamos nesta ação é o de fortalecer parcerias para buscar o desenvolvimento sustentável”, completa.

Os outros ODS ligados à atividade são: saúde e bem-estar; educação de qualidade; água potável e saneamento; ação contra a mudança global do clima; reflorestamento e uso sustentável dos ecossistemas.