Search
sábado 16 novembro 2024
  • :
  • :

Tribuna Livre – Uma viagem à Aldeia Mushu Inu, do povo Yawanawá, no Acre

Cerca de 60 indígenas, de um povoado considerado pequeno, resistem pela força e sabedoria histórica

Quatro horas de voo, partindo do Aeroporto Internacional de Guarulhos, na região metropolitana de São Paulo, somadas à dez via terrestre, com embarque em Rio Branco, no Acre, e desembarque na pacata Tarauacá/AC, e mais seis de barco separam o homem branco dos quase 1.600 índios do povo da Queixada, os Yawanawás.

Em meio à Floresta Amazônica, no extremo Oeste do Brasil, e às margens do Rio Gregório, importante afluente que atravessa os estados do Acre e do Amazonas, está localizada a Aldeia Mushu Inu, sexto povoado instalado ao longo dos 350 km de extensão deste importante curso d’água.

O acesso às aldeias do povo Yawanawá é feito por meio das canoas motorizadas, que partem da Vila de São Vicente, cidadezinha a 492 km da capital do Acre. Em período de seca e com o nível baixo de água, as embarcações sofrem com os troncos e bancos de areia que se formam nas encostas do rio.

Convivência com o homem branco

A relação dos indígenas com a floresta é especial, uma vez que é dela que eles tiram todo o seu sustento. Além de saciar a fome dos moradores da Mushu Inu, todo o roçado, que é como os indígenas chamam o cultivo em sistema de plantio, de macaxeira, milho e tantos outros alimentos, é comercializado nas demais aldeias. E como forma de agradecimento ao alimento de cada dia, eles celebram em seus cantos mariris.

Conhecer de perto a cultura, os rituais e a ligação do povo Yawanawá com a floresta foi uma experiência indescritível e uma das melhores formas de entender e ajudar, ainda que infimamente, a preservar a rica cultura dos ancestrais.

Hoje, eles já entendem que a presença do homem branco nas aldeias, através de visitas guiadas e experiências responsáveis, pode ser positiva para a difusão e preservação de suas raízes.

Os principais rituais tradicionais dos Yawanawás são o Uni ou Ayahuasca, uma bebida feita a partir da infusão de duas plantas amazônicas: o cipó-jagube e o arbusto-chacrona, e o rapé, que é um pó composto de ervas, cascas de árvores e outras plantas.

Na vivência de 7 dias da Mushu Inu, grupos com integrantes do Brasil e do exterior contam com as típicas pinturas corporais, brincadeiras tradicionais, rodas de músicas, cerimônias indígenas, exposição de bijujoias (produzidas pelas mulheres da aldeia) e o banho de ervas, que é realizado após a colheita de plantas medicinais da floresta amazônica.

Vivência Para quem quer mergulhar na cultura indígena da Aldeia Mushu Inu, pode entrar em contato com o líder Yawakashahu Yawanawa ou através de Grupos de Viagem que se organizam ao longo do ano para viver uma das melhores experiências de vida.

Por Carlos Irineu