Trabalhei em vários jornais e rádios do interior de São Paulo e de algumas capitais. Sei como é difícil um jornal local ou regional manter alguma independência em relação aos poderoso do lugar, especialmente os prefeitos.
Toda Prefeitura tem que publicar seus atos, porque são públicos e a população-contribuinte tem o direito de saber de tudo que se passa na sua Prefeitura.
Esse direito básico, no entanto, às vezes é sonegado pelo Poder Público, conforme as suas conveniências. Há uma mentalidade entre nossos políticos (no Brasil todo, como prova Bolsonaro) de que o jornal que recebe publicidade pública não pode criticar os políticos “da situação”. Distribuem as verbas conforme o puxa-saquismo deste jornal ou daquela rádio.
Em Taubaté tivemos casos extremos, como o do ex-prefeito Waldomiro Carvalho que, irritado com as críticas do semanário O Taubateano, o mais antigo da cidade, fazia a sua Administração, mudou a Rua Santos Dumont de comercial para residencial. A gráfica do jornal ficava em frente à então Eletropaulo, com suas torres e cabos, e ao lado de fábrica de móveis, oficinas de autos e bares. Foi um absurdo, mas as portas do barracão foram lacradas pela Prefeitura e o proprietário, saudoso jornalista Alaor Fernandes Lima teve que esperar uma decisão da Justiça que anulou a decisão arbitrária.
Mais recentemente, os ex-prefeitos Ortiz Pai e Ortiz Filho processaram o jornalista Irani Gomes de Lima. Perderam os processos, mas prejudicaram a saúde as finanças do corajoso jornalista.
Lembro disso para prestar uma homenagem ao Diário de Taubaté e a sua diretora Iára de Carvalho. O nosso Diário continua firme, servindo a Taubaté com o mesmo compromisso de manter-se independente, de levar a seus leitores a realidade dos fatos, as opiniões diversas, sem discriminação nem partidarismo.
Não é fácil.
Nós que lemos e amamos o bom Jornalismo precisamos apoiar o Diário, assinando, anunciando, propagando. O jornal será melhor se Taubaté, suas entidades e instituições apoiarem com Publicidade.
Uma cidade só é civilizada quando tem uma mídia impressa vigorosa. A internet não substituiu o papel, até porque o jornal traz credibilidade, e a internet tem de tudo, especialmente fake news e frivolidades.
Pela internet podemos saber o que se passa no mundo; pelo Diário de Taubaté podemos saber o que ocorre no nosso bairro, na nossa cidade. Cidade que é nossa, como o Diário.
(*) Antonio Barbosa Filho é jornalista, coordenador do Centro Barão de Itataré de Estudos da Mídia no Vale e Litoral Norte)