Graduada em Gestão de Políticas Públicas na Universidade de São Paulo, aos 25 anos, Loreny Caetano Roberto, é uma empresária voltada para sustentabilidade e que, neste ano, assume seu papel como vereadora na cidade de Taubaté , interior de São Paulo, com a cabeça recheada de sonhos e ideais. Seu idealismo é por demais conhecido pelas pessoas próximas à ela, pois acredita que cada um de nós pode fazer a diferença em termos de viver melhor neste planeta cuidando dele.
Antes mesmo de assumir o mandato, muitos haverão de se recordar, foi alvo de pilhérias nas redes sociais, quando publicaram fotos suas de biquíni, como se não tivesse nada a apresentar além de um belo e sedutor corpo – (bem cuidado por sinal). A reação foi imediata e mulheres de vários níveis socioculturais iniciaram uma campanha contra o que chamaram de “machismo” e publicaram fotos de biquínis com os dizeres “Somos todas Loreny”, o que resultou em um apoio expressivo para quem, até então, era conhecida por grupos restritos onde atuava.
Já ao assumir o mandato, tomou duas ações consideradas polêmicas, mas que, por certo, o fez por acreditar que é possível trabalhar sem que sejam usados agregados desnecessários pagos com o erário público: dispensou o uso do carro oficial e de dois celulares pagos com recursos do Poder Legislativo, proporcionando, segundo cálculos preliminares, uma economia anual em torno de 30 mil reais, ou seja de 120 mil reais ao longo de seu mandato.
E foi só decidir que não queria a “mesmice” que nos “in box” dos grupos de discussões fechados do WhatsApp e nos corredores palacianos, passou a receber os mais diversos tratamentos como “burra”, “idiota”, “palhaça”, “sensacionalista”, “aproveitadora”, numa clara alusão de que, ao abrir mãos destes bens, estaria apenas “jogando para a plateia” em um bem elaborado plano de marketing.
Quem já leu o pequeno príncipe sabe que, sempre, é preciso tentar minimizar as grandes ações para que outros não tenham que fazer o mesmo, e que, reduzir o adversário a “pó de traque”, atacando o ato bem feito, de forma ardilosa e usando sempre mãos de aluguel, seria o melhor remédio. Assim, quem quer acertar, por este tipo de procedimento, acaba por ser ridicularizada e os que levam vantagens pessoais são considerados os “espertos” da história.
Mas quem conhece a índole da Loreny sabe que ela esta disposta a enfrentar de frente todas estas desídias que vieram por conta deste ato. A demanda vai ser, como já está sendo, violenta, começando por, acredita-se, seus próprios pares, que no observar do homem comum, questiona porque os demais vereadores não podem ou não querem fazer o mesmo. Vale dizer que a ação da edil acabou por colocar os demais no que se chama comumente de “saia justa”, mas que não serão nenhum empecilho ou obstáculo para eles que, acostumados as cobranças pessoais, farão ouvidos moucos e olhar de paisagem.
A outra cobrança, virulenta, não será vista nem avistada, mas fará parte dos grupos de discussões, dos corredores, como já citado no início deste texto e que remete a querer desqualificar quem teve coragem de abrir mão de um direito – (quando todos recebem torna-se direito comum) e poderá ser julgada até como oportunista.
Mas os pequenos gestos, a demonstração de desapego de coisas ou cargos públicos, dá a dimensão de que, por aí, virão novas ações que irão sacudir a capital nacional da literatura infantil.
Mário Jéfferson Leite Melo é jornalista, radialista e ativista sociocultural