• Astolfo O. de Oliveira Filho – Revista Virtual O Consolador
O que é essencial no processo de transformação moral da criatura humana?
Tiago, em sua extraordinária epístola, veio ensinar-nos que a fé sem obras é morta. O Espiritismo confirma esse ensinamento mostrando-nos o valor extraordinário das obras, do trabalho em favor dos semelhantes, do amor e da caridade.
É preciso, porém, que ao trabalho em favor do próximo se aliem o estudo nobilitante e o exercício constante dos sentimentos elevados, únicos remédios para a alma que deseja a regeneração, que são fortalecidos pela oração e pela vigilância, como nos propôs Jesus na célebre advertência: “Vigiai e orai para não cairdes em tentação!”
Em Londrina há um grupo espírita que adota um sistema bem prático para a consecução da chamada transformação moral.
Eis os cinco os passos adotados pelos participantes do grupo:
1º Adotar, no início de cada dia, a metodologia dos Alcoólicos Anônimos (A.A.), prometendo formalmente a si mesmo observar seu voto diário. Da mesma forma que o Alcoólico Anônimo diz que “hoje não beberei cousa alguma que contenha álcool”, o membro do GERA prometerá a si mesmo, ao iniciar cada dia, que fará ou não fará tal e tal coisa. Seu voto é algo particular e de seu exclusivo conhecimento, e se origina das necessidades que o processo de autoconhecimento lhe apontar.
2º Além de orar diariamente nos horários habituais, manter severa vigilância sobre os pensamentos, os sentimentos e os atos, subordinando-os à ideia central que motivou o voto diário.
3º Avaliar, antes de dormir, o desempenho individual no dia que se finda, tal como ensinado pelo Espírito de Santo Agostinho na lição constante da questão 919 de O Livro dos Espíritos, repassando os atos e acontecimentos do dia e formulando o desejo de não reincidir nos erros porventura cometidos.
4º Deitar-se, com objetivo de dormir, antes das 2 horas da madrugada, de modo a assegurar sua participação, durante o sono corporal, nas atividades que os componentes do GERA realizam no período das 2 às 5 horas da madrugada, à semelhança do que é narrado no livro Alguém chorou por mim, de Fernando do Ó.
5o. Participar de pelo menos duas das quatro reuniões que o grupo realiza em cada ano. Essas reuniões constam de um culto evangélico, seguido de depoimentos dos membros do grupo e da confraternização final. Mas esta é uma obrigação acessória, cuja inobservância não impede a permanência da pessoa como membro do grupo.
A propósito da importância da chamada reforma íntima, é bom lembrar que, segundo Kardec, o verdadeiro espírita se reconhece por sua transformação moral e pelos esforços que faz para domar suas inclinações inferiores.
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É realmente possível mediante a educação reformar o caráter de uma pessoa?
A resposta é: sim. Contrariamente ao que sempre se imaginou, descobertas recentes no campo da biologia e dos estudos da mente têm provado que tanto o cérebro como a mente humana podem rearranjar-se de maneira drástica e as pessoas podem mudar em qualquer estágio da vida.
Pesquisas recentemente divulgadas têm questionado até mesmo um dos dogmas da psicanálise segundo o qual os adultos carregam para sempre os traumas vividos na infância.
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Martin Seligman, docente da Universidade da Pensilvânia, afirma em sua obra intitulada “O que você pode mudar e o que não pode” que é possível à criatura humana mudar a timidez, o mau humor, o pessimismo, a depressão e quase todas as disfunções sexuais, como a frigidez e a impotência.
Sanjay Srivastava, um dos mais abalizados estudiosos nessa área, sustenta, com base em experiências por ele conduzidas, que as mulheres que sofrem de ansiedade na adolescência tendem a recuperar a autoconfiança entre os 30 e 40 anos.
Para nós, espíritas, não causam surpresa tais ideias, porque a evolução ou o progresso constitui um dos princípios fundamentais do Espiritismo e, ao tratar da infância, é peremptória a afirmativa constante da questão 385 d´O Livro dos Espíritos, que diz ser possível, por meio da educação, reformar o caráter e reprimir as más inclinações que a criança traz do passado, missão sagrada – acrescentam os imortais – que Deus confiou aos pais e da qual estes deverão
prestar contas.