• Raul Teixeira – Niterói/Rio de Janeiro
Frequentemente ouvimos dizer que a assistência social é tarefa do governo, e que a caridade gera comodismo. Como você analisa tais afirmativas?
Raul – Os extremos, nesse particular, são sempre perigosos. Toda pessoa minimamente lúcida compreenderá que os serviços de assistência pública deveriam ser desenvolvidos por aquelas autoridades que são incumbidas de gerir o erário. Nenhum cidadão, em realidade, deverá ignorar que caberia aos governantes cuidar dos governados em situação de carência material, na faixa de diversas necessidades. Entretanto, em virtude de vivermos numa realidade humana, sociopolítico-administrativa lamentável – situação em que os indivíduos eleitos pela confiança popular pensam em tudo, menos naqueles que lhes confiaram cargos e encargos, menos nos compromissos morais junto às massas expectantes, menos ainda naqueles que são chamados de “menos favorecidos” -, não poderíamos, na condição de cristãos-espíritas, ver tudo isso de modo impassível, como se esses desfavorecidos não fossem criaturas humanas como nós. Ademais, não deveremos esquecer que, em nossa rua, em nosso bairro, o governo somos nós, quando uma necessidade urgente se apresente.
Oportuno será, ainda, recordar a questão 685-a de O Livro dos Espíritos, quando Kardec levanta a situação daqueles que precisam trabalhar para sobreviver, e já não podem fazê-lo. Então, enquanto cobramos das autoridades a devida responsabilidade, no que diz respeito às suas obrigações, atendamos ao necessitado de qualquer natureza, tanto quanto nos seja possível, de maneira lúcida, sem paternalismo piegas, que geram comodismo, e sem frieza emocional, que estabelece a crueldade.
A caridade, devidamente aplicada, representará sempre a mão do Criador, atendendo às necessidades gerais ou específicas da alma humana, fomentando alegria, crescimento e progresso. Vale concluir, contudo, dizendo que é sempre fácil levantarmos teses muito interessantes sobre o socorro a ser prestado aos outros, pretendendo deixar aos governos, quase sempre perdulários e indiferentes, a sorte dos sofredores, quando temos as nossas necessidades muito bem saciadas; quando nos achamos mergulhados nos excessos, nos supérfluos, que, por sua vez, dão ensejo ao cruel egoísmo.
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A pessoa que sofre é só aquela que está vestida de trapos, que tem os pés descalços e o estômago vazio?
Raul – Evidentemente, não. Ao lado dessas necessidades visíveis, de caráter material, há outras tantas, em muito maior número, que assinalam sofredores da faixa moral, padecentes espirituais. Ao mesmo tempo, poderemos ter um e outro tipos de carências somados, indicando processos expiatórios de grande gravidade.
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Por que a dinâmica do amor dentro de Centro Espírita?
Raul – Sendo o amor a própria essência do Criador, conforme os ensinos do evangelista João, não podemos imaginar a contribuição nossa aos serviços de Jesus Cristo longe da ação dessa virtude representativa do Grande Pai. Importante será que cada coisa que realizemos no Centro Espírita tenha o sinete do verdadeiro amor, o que evitará que os lidadores da Causa se aconselhem com o personalismo, com os melindres, com a maledicência e tantos vícios morais totalmente distanciados do amor.
NOTA: estas, entre outras importantes questões, são abordadas na obra Ante o Vigor do Espiritismo.
Trabalho assistencial
nov 21, 2019Bruno FonsecaColuna Espírita (Agê)Comentários desativados em Trabalho assistencialLike
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