• Raul Teixeira – Niterói/Rio de Janeiro
Por que os Espíritos Superiores convocam-nos, constantemente, a trabalhar muito?
Raul – Considerando-se a assertiva de Jesus quando diz que Deus trabalha sempre e Ele, Jesus, também, verificamos que o trabalho é uma das importantíssimas leis que governam o Universo. Penso que somente através do trabalho, no seu sentido de “toda ocupação útil”, como informam os Guias da humanidade em O Livro dos Espíritos, teremos ensejo a retificar os passos equivocados e conquistar todo o bem que nos falta na escalada da vida.
——–*——–*——–
O trabalho a que os Espíritos se referem é o assistencial?
Raul – Naturalmente que não é só isso. Muitas vezes poderemos estar realizando o trabalho dito assistencial, que constitui oferecimento de coisas materiais, basicamente, sem que estejamos fazendo os esforços em benefício da promoção do indivíduo assistido, sem conseguirmos, desse modo, nossa própria libertação através do trabalho. O assistencial é uma das faces do labor que podemos efetuar no mundo, mas não é tudo.
——–*——–*——–
Oferecer um prato de sopa, um pedaço de pão ou um agasalho a quem está com sérias dificuldades financeiras não seria pouco ante as suas reais necessidades?
Raul – De fato, será pouco, se não fizermos outras coisas ao longo do tempo. Entretanto, no momento em que sentimos fome, o mais importante é o prato de sopa ou o pedaço de pão. No dia em que sentimos frio, o mais urgente é o agasalho. O que não podemos esquecer é que ninguém consegue ouvir preleções de ordem moral ou convencer-se de que nosso discurso é importante, sentindo o estômago em crise de fome, ou tiritando de frio. Torna-se conveniente, nesse caso, oferecer o primeiro peixe, e depois, somente depois, ensinarmos os companheiros a pescar. O discurso de quem diz que é pouco, mas não faz nada por ninguém, não merecerá o mínimo respeito ou consideração. Representará egoística acomodação, da qual terá que dar contas à própria consciência, mais hoje, mais amanhã.
——–*——–*——–
As obras assistenciais, por acaso, não estariam contribuindo para a formação de uma legião de criaturas dependentes?
Raul – Não é conveniente generalizar a questão. Sabemos que há muitas atividades assistencialistas, o que não corresponde aos propósitos do Espiritismo. Entretanto, não serão essas os modelos a serem seguidos, mas sim aquelas outras que estão primando pelo trabalho da promoção humana, auxiliando o indivíduo a libertar-se da necessidade, por meio do esforço para o próprio ganha-pão.
Não se justificará, jamais, que os espíritas tenham que manter um quadro de pessoas infelizes e miseráveis em suas instituições, a fim de que se afirmem caridosos ou para que se imaginem atendendo aos deveres fraternais da assistência cristã. Todo o nosso labor deverá dirigir-se, na esfera dos serviços assistenciais, ao erguimento do indivíduo ou da família, fazendo-os valorizados em si mesmos. Essa é a base da assistência genuinamente espírita.
NOTA: estas, entre outras importantes questões, são abordadas na obra Ante o Vigor do Espiritismo.
Trabalho assistencial
out 24, 2019Bruno FonsecaColuna Espírita (Agê)Comentários desativados em Trabalho assistencialLike
Previous Post“Jornal da Record” já tem data para estrear em novo horário
Next PostO Galo do seu Francisco