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segunda-feira 25 novembro 2024
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Trabalhadores rejeitam proposta da Ford e seguem na luta em defesa dos empregos

Os trabalhadores e trabalhadoras na Ford Taubaté rejeitaram nesta quarta-feira, 3, uma proposta de indenização da montadora pelo encerramento das atividades no país. Eles reafirmaram o objetivo de seguir em defesa dos empregos, buscando reverter a decisão da empresa de deixar o Brasil.

A decisão foi tomada de forma unânime em assembleia realizada na fábrica pelo Sindicato dos Metalúrgicos de Taubaté e Região (Sindmetau). “É o emprego de pais e mães de famílias que está em risco. Vamos lutar até o último minuto para reverter essa situação”, afirmou o coordenador sindical na Ford, Sinvaldo Cruz.

Ele lembra que o impacto do fim das atividades da montadora não ficará restrito aos empregos diretos na Ford. Segundo o Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos), mais de 118 mil postos de trabalho podem ser afetados em todo Brasil.

“Fizemos um pedido, e estamos aguardando um posicionamento da fábrica, para discutir com o presidente global da Ford. Porque ainda temos esperança de que possa ser revertido”, explicou Sinvaldo.
A fábrica da Ford em Taubaté produz motores e câmbios. A unidade tem cerca de 830 trabalhadores diretos. O metalúrgico Diogo Silva está há 16 anos na empresa. “Sabemos que a luta será árdua mesmo. A gente quer manter os empregos. Primeiramente a gente quer manter isso daqui.”

A metalúrgica Juliana Antunes entrou na fábrica como aprendiz, passou por terceirizadas e está há nove anos como funcionária direta na Ford. Ela contou que os trabalhadores foram pegos de surpresa com o anúncio da montadora.

“O que a gente almeja de verdade é ter o emprego, porque o dinheiro de uma indenização uma hora acaba. O que a gente realmente quer é que a Ford reverta esse cenário.”

Na avaliação do Sindicato, a reprovação unânime da proposta feita pela montadora reflete a indignação dos trabalhadores. “Essa assembleia deu uma demonstração clara para a empresa. Os trabalhadores mostraram, mais uma vez, que estão organizados e indignados com essa posição dura e cruel da Ford”, avaliou Sinvaldo.

Negociação

A proposta da Ford, rejeitada pelos trabalhadores, estabelecia uma indenização de 1,1 salário por ano trabalhado para os funcionários horistas. Para os mensalistas, o valor seria de 0,7 salário por ano trabalhado.

Segundo o Sindicato, nesses patamares a indenização ficaria abaixo dos valores que os funcionários receberiam até o fim deste ano, entre salários e benefícios. O cálculo leva em conta que os trabalhadores e trabalhadoras na Ford têm estabilidade no emprego até 31 de dezembro.

“Ou seja, seria como se a indenização fosse apenas a antecipação dos valores dos meses de fevereiro a dezembro. Mas o que os trabalhadores buscam neste momento não é uma indenização, mas sim a reversão da decisão da montadora”, explicou o representante sindical na Ford, Sidivaldo Borges.

No dia 11 de janeiro, a Ford anunciou que pretende encerrar a produção de veículos no Brasil. A decisão unilateral da montadora põe em risco o futuro de trabalhadores das plantas de Taubaté (SP), Camaçari (BA) e Horizonte (CE). A saída da empresa do país pode provocar um impacto de mais de 118 mil empregos, entre postos de trabalho diretos, indiretos e induzidos.