Os trabalhadores e trabalhadores na Ford Taubaté aprovaram, em assembleia nesta sexta-feira (26), a luta por uma indenização justa por parte da montadora. Essa indenização deve levar em conta aspectos como os impactos econômicos e sociais do fim das atividades da fábrica e o acordo de estabilidade no emprego dos funcionários.
A decisão foi tomada após uma reunião com a direção mundial da Ford, realizada na quinta-feira (25). Na videoconferência, os representantes do Sindicato dos Metalúrgicos de Taubaté e Região (Sindmetau) apresentaram propostas para manutenção das atividades da empresa em Taubaté.
Mas os executivos da montadora, Lyle Watters (presidente da Ford América do Sul), Kevin Legel, (vice-presidente de manufatura e relações trabalhistas) e John Savona (vice-presidente de relações trabalhistas) reafirmaram que a Ford não tem intenção de produzir carros, motores ou transmissões no Brasil.
“Nós não concordamos com isso. Apresentamos uma série de propostas para tentar reverter. Mas eles foram veementes de que não existe possibilidade alguma de a Ford permanecer com unidades fabris no Brasil”, explicou o presidente do Sindmetau, Claudio Batista, o Claudião.
O presidente esclareceu que o Sindicato apresentou estudos, feitos em parceria com o Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos), com alternativas para Ford manter as atividades no país. Mas a montadora alegou que a produção no Brasil não está entre os objetivos da empresa, seja no curto, médio ou longo prazos.
O próximo passo é buscar, em mesa de negociação, uma indenização que leve em conta os impactos financeiros, trabalhistas e sociais do encerramento da produção. “O próximo passo é tentar o melhor acordo possível. Queremos fazer uma discussão para indenizar os trabalhadores da melhor maneira possível”, apontou Claudião.
Há 9 anos na Ford, o metalúrgico Wagner Anselmo Santos, destacou a importância dos trabalhadores continuarem unidos e mobilizados. “Fizemos nossa luta para impedir o fechamento da fábrica. Mas como a decisão é irreversível, vamos batalhar por um acordo de indenização mais justo.”
Segundo Valdirene Ferreira da Silva, que trabalha há 22 anos na montadora, a união e a luta dos trabalhadores serão decisivas para conquistar um acordo melhor. “Se não tivermos união, desgasta, e não vamos conseguir chegar a um resultado positivo.”
O coordenador sindical na Ford, Sinvaldo Cruz, destacou a mobilização dos trabalhadores, que realizaram ações como vigílias e carreatas. “Apesar das dificuldades, tínhamos esperança de reverter o fechamento da Ford. Agora nosso grande desafio é garantir o melhor e mais justo acordo de indenização. Fica uma reflexão a cada trabalhador. Os governos estadual e federal nos abandonaram, viraram as costas aos trabalhadores”, disse.
Acordo
A reunião do Sindicato com os diretores mundiais do Ford foi um dos pontos do acordo firmado entre as partes no TRT (Tribunal Regional do Trabalho). O acordo também garantiu a manutenção dos empregos, salários e benefícios dos 830 trabalhadores da unidade até o fim das negociações.
Outro ponto desse acordo foi o retorno da produção na fábrica, que ocorreu na segunda-feira (22), com cerca de 130 funcionários. Até 330 trabalhadores devem ser convocados, de forma escalonada. Quem não for chamado irá continuar em LR (licença remunerada), com salários e benefícios garantidos. A Ford está produzindo peças de reposição para o mercado.
Também na última segunda-feira, o TRT manteve uma liminar que proíbe a Ford de realizar demissões em massa em Taubaté. O Tribunal sustentou ainda outros pontos da decisão de primeira instância obtida pelo MPT (Ministério Público do Trabalho). Entre eles, a obrigatoriedade do pagamento dos salários e licenças. A empresa segue proibida de apresentar propostas individuais aos trabalhadores e de praticar assédio moral ou negocial.
Impactos
No dia 11 de janeiro, a Ford anunciou que pretende encerrar a produção de veículos no Brasil. A decisão unilateral da montadora põe em risco o futuro de trabalhadores das plantas de Taubaté (SP), Camaçari (BA) e Horizonte (CE).
A saída da empresa do país pode provocar um impacto de mais de 118 mil empregos, entre postos de trabalho diretos, indiretos e induzidos, segundo estudo do Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos).