Trabalhadores aprovam acordo para PDV e estabilidade na Ford

Os trabalhadores e trabalhadoras na Ford Taubaté aprovaram na quarta-feira, dia 19 um acordo que prevê a abertura de um PDV (Plano de Demissão Voluntária) na fábrica. O acordo também engloba pontos como estabilidade, data-base e PLR (Participação nos Lucros e Resultados).
As negociações se iniciaram em novembro do ano passado. Desde então, foram realizadas quase 30 reuniões entre representantes da montadora e do CSE (Comitê Sindical de Empresa). O acordo tem validade de dois anos.
A Ford alega que a fábrica de Taubaté apresenta um excedente de funcionários devido à queda no volume de produção e ao baixo desempenho da economia. “Infelizmente temos um país que hoje não tem política do ponto de vista econômico, com capacidade de atrair investimentos e gerar emprego”, lembrou o coordenador do CSE na Ford, Sinvaldo Cruz.
A montadora também passa por uma reestruturação global, processo que levou ao fechamento da fábrica de São Bernardo do Campo em outubro do ano passado.
A proposta inicial da Ford apontava a demissão de 350 trabalhadores em Taubaté, sem nenhum tipo de benefício por PDV. A partir das negociações com os representantes sindicais, esse número foi reduzido para 277 (sendo 254 horistas e 23 mensalistas), com a abertura do PDV.
“Para nós ainda é um número extremamente alto, porque estamos falando de pais e mães de família. Buscamos construir algo para minimizar esse momento difícil que os trabalhadores e trabalhadoras estão passando. Algo que não fosse uma demissão simples, apenas com as verbas rescisórias”, afirma Sinvaldo.
Os funcionários que aderirem ao PDV receberão um pacote com pagamento de salários adicionais, um valor para plano médico e, no caso dos trabalhadores horistas, um carro. (Veja quadro abaixo).
As inscrições para o PDV ficarão abertas até o dia 3 de março. A Ford Taubaté conta hoje com 920 funcionários, entre horistas e mensalistas.
Estabilidade, data-base e PLR
O acordo também engloba pontos como estabilidade, data-base e PLR. A empresa queria operar com uma jornada de 40 horas semanais, sem garantia de estabilidade. Após a negociação com os representantes sindicais, a jornada ficou estabelecida em 40 horas, mas com estabilidade no emprego até 31 de dezembro de 2021. A estabilidade se inicia após a conclusão do PDV.
A Ford também desejava congelar salários e a PLR dos próximos dois anos, mas com o processo de negociação sindical isso foi derrubado. O reajuste salarial em 2020 e 2021 será feito com base no INPC (Índice Nacional de Preços ao Consumidor). A PLR também terá reajustes em 2020 (por meio de bonificação) e em 2021 (por meio de aplicação do INPC).
Prefeitura e Estado
O Sindicato dos Metalúrgicos de Taubaté e Região (Sindmetau) também se reuniu com representantes da Ford na Prefeitura de Taubaté no dia 11 de fevereiro. “Utilizamos todas as alternativas para contribuir nesse processo. O futuro da fábrica em Taubaté precisa ser uma luta permanente.
O poder público deve fazer parte dessa cobrança, já que a Ford recebeu benefícios como isenções de impostos ao longo dos anos”, afirma o presidente do Sindmetau, Cláudio Batista, o Claudião.
Na reunião, Sindicato e Prefeitura se prontificaram a colaborar com a Ford para construir alternativas visando a sustentação dos empregos na cidade. O prefeito Ortiz Junior também se colocou à disposição da montadora para acionar o Governo do Estado em busca de soluções.
Mas a direção da Ford reafirmou a posição de reduzir a mão de obra na unidade, argumentando que a intervenção do Estado não teria efeito na decisão. Afirmaram ainda que a Ford não tem planos para fechar a unidade em Taubaté neste momento. Entretanto, colocaram a redução no quadro como essencial para competitividade da fábrica no mercado.
A tabela abaixo apresenta os principais pontos do acordo. Na segunda coluna estão as propostas da Ford para cada tópico. E na terceira coluna o acordo aprovado após o processo de negociação sindical.