Advento. Regressar ao princípio. Refazer, como novidade absoluta, o caminho antigo; Assumir a transumância como método. Ser nómada em obediência à voz antiga, aquilo que sobrevive entre uma multidão de ruídos, o apelo do deserto, “ indiretai…”. como quem diz, “despertai!”.
Começar de novo. Hoje é sempre a primeira vez. Avançar. Assumir a tonalidade primeira, o acordar fundamental a partir do qual se compõe um hino à mais pura das alegrias. E não ter medo da alegria. Sem tela onde a palavra já dita e redita mil vezes – amor, perdão, paz…se desenha como Boa Nova. Hoje, de novo, porque amanhã não sei o que será.
Procurar os fios invisíveis que ligam a terá ao céu. Reparar as ligações que me ligam a ti e a Ti. E recolher as sementes da eternidade espalhadas, em noite de vendaval, por terras desconhecidas. Encher a taça e voltar a semear. Pacientemente. Com esperança.
Porque este tempo é um dom no qual se desconstrói e reconstrói a memória. Porque neste tempo voltamos a ser como crianças que andam à volta com as mesmas perguntas: “Onde fica Belém? , “Quando é que chega o Natal? “ E espreitamos, através da fé, o horizonte desconhecido à procura desse lugar, simples e despojado, onde Deus se fez homem.
Porque neste tempo somos de novo o adolescente sonhador que acredita no cumprimento da promessa repetindo de geração em geração, “ Amanhã é Natal. Ele há de vir de novo”.
Este é o tempo de escovar as camadas da compreensão da verdade e acender, ainda que de “maneira imperfeita”, com uma fé ainda muito imperfeita, às razões do mistério de Deus feito menino.
EÉ o tempo de aceitar ser um rebento enxertado no ramo de uma história milenar cujos frutos, sabe Deus, guardam as sementes de um novo advento.
Tempo do Advento: começar de novo
dez 07, 2018Bruno FonsecaFé e RazãoComentários desativados em Tempo do Advento: começar de novoLike