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segunda-feira 23 dezembro 2024
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Temer quer privatizar ‘tudo que for possível”

O Brasil deve viver, a partir do próximo ano, uma nova onda de privatizações semelhante à dos anos 1990, quando grandes empresas como a Vale, então Companhia Vale do Rio Doce (CVRD), e as de telecomunicação saíram das mãos do governo para o controle da iniciativa privada. A proposta de privatizar “tudo o que for possível” está no documento “A Travessia Social”, lançado em maio último, que resume as propostas do PMDB para o governo federal. A ideia anima analistas e empresários, mas eles alertam que não basta ter um bom ativo para colocar à venda – é preciso também criar condições de investimento e desenvolver regras claras.
A intenção do governo Michel Temer é arrecadar entre R$ 20 bilhões e R$ 30 bilhões com privatizações já em 2017
Investimento em infraestrutura é uma necessidade gritante do país, que só deve ser resolvida com a participação da iniciativa privada. De acordo com cálculos da Confederação Nacional dos Transportes (CNT), o país precisa investir R$ 987,2 bilhões em 2.045 projetos para tornar sua infraestrutura de transporte adequada.

Quase tudo pode ser vendido

O governo brasileiro controla 135 estatais em diversos setores, e, de acordo com analistas, praticamente todas podem ser privatizadas. O governo já sinalizou que deve vender ou conceder as empresas de infraestrutura (rodovias, portos, aeroportos, energia) e os Correios – maior estatal em número de funcionários.
Gigantes como a Petrobras, o Banco do Brasil e a Caixa Econômica Federal devem continuar sob o controle do Estado, mas, para o professor da Fundação Dom Cabral (FDC) Paulo Vicente dos Santos Alves, não haveria restrições em vendê-los. “No mundo, os governos costumam ter um banco de investimento, que equivale ao BNDES, e o Banco Central”, diz, referindo-se ao setor financeiro.
Além de aumentar investimentos e eficiência, ele lembra que o governo reduzirá despesas com folha de pagamento caso abra mão das estatais.
Petrobras. Envolvida em escândalos de corrupção que derrubaram sua cotação no mercado, a situação da Petrobras é a mais delicada. “Ou o governo vende, ou capitaliza a empresa. Se não fizer nada, ela pode quebrar na mão dele”, diz Paulo Vicente, da FGV.
Em 2008, no pico de valorização, a ação da petroleira valia R$ 40. Em janeiro deste ano, depois de sucessivos escândalos revelados pela operação Lava Jato, a cotação caiu abaixo de R$ 5. Na semana passada, variava entre R$ 9,50 e R$ 11,70, conforme o tipo de ação.
A venda da Petrobras é tida como a de maior potencial de resistência da sociedade, pelo simbolismo da empresa, fundada em 1953, fruto da campanha O Petróleo é Nosso.