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sábado 23 novembro 2024
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Taxa de desemprego deve continuar subindo ao longo do ano, dizem economistas

Nível de desocupados no país no primeiro trimestre de 2023 atingiu de 8,8%, alta de 0,9 ponto percentual ante o quarto trimestre de 2022

A taxa de desemprego no Brasil — que no primeiro trimestre chegou a 8,8% — tende a seguir crescendo ao longo de 2023. Esta é a avaliação de economistas ouvidos pela CNN. A expectativa é que um contingente relevante de trabalhadores que deixaram de buscar emprego ao longo da pandemia retornem à força de trabalho, puxando para cima o número de pessoas sem ocupação.

Bruno Imaizumi, economista da LCA Consultores, estima que a taxa de desocupação média será de 9,3% no final do ano, acima dos 8,8% divulgados nesta quinta-feira (18) na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua) do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

O economista pontua que, desde a pandemia, muitos idosos saíram da força de trabalho, fazendo o indicador diminuir. Hoje, o desemprego é menor se comparado com os períodos pré-pandemia. E não só aqui no Brasil, mas no mundo todo, quando os idosos, por conta do medo de contaminação, saíram de seus postos de trabalhos.

“Podemos esperar uma volta parcial destes trabalhadores ao mercado e isso vai fazer com que a taxa de desemprego acabe se elevando”, explica.

Para Rafael Pacheco, economista da Guide Investimentos, a redução do desemprego na comparação anual corrobora as preocupação do Banco Central com um eventual aumento da inflação de demanda. Isso porque com mais trabalhadores com renda, maior o consumo.

“Isso reforça, ainda mais, uma pressão do aumento da renda geral sobre a demanda. Mas a tendência, olhando para o nível da taxa Selic, é que o indicador de desemprego continue subindo até o final de 2023?, afirma. Na prática, juros mais altos retraem a economia o que pode reduzir a oferta de empregos.

A taxa de desocupação no país no primeiro trimestre de 2023 ficou 0,9 ponto percentual mais alta ante o quarto trimestre de 2022, quando o índice ficou em 7,9%. Na comparação com o mesmo período do ano passado, porém, houve queda de 2,4 pontos.

Imaizumi ressalta que, se compararmos o primeiro trimestre deste ano com o mesmo período de 2022, a situação era outra. Ele lembra que ainda sofríamos com os reflexos da pandemia, sem a reabertura total dos setores econômicos, principalmente de serviços, importante empregador.

“Essa comparação com o ano passado mostra a recuperação que ocorreu ao longo do ano de 2022 em relação ao mercado de trabalho.” Além disso, explica, ao comparar o início do ano com o final do ano passado há sazonalidade, pois em janeiro comumente são desligados um número importante de empregados temporários contratados para as vendas de fim de ano.

Pacheco confirma que esse aumento de desemprego do último trimestre tem um componente sazonal muito forte. “Sempre no começo do ano tem esse aumento, ou seja, não dá para dizer que os números são por conta da política monetária.”

Renda

Se 2022 foi o ano do crescimento da ocupação, Imaizume afirma que 2023 deve ser o ano da renda, que já vinha mostrando recuperação desde o segundo semestre do ano passado.

“A gente teve dois aumentos acima da inflação do salário mínimo — o primeiro em janeiro, o segundo em maio — além do aumento de trabalhadores formais e do reajuste de servidores federais. Tudo contribui para um aumento do rendimento médio da população”, explica.

Para o economista, esse é mais um movimento de normalização. “Aos poucos a economia vai se ajustando sem os efeitos na pandemia. A gente tem uma perspectiva de crescimento do PIB de 1,3%, mais baixo que do ano passado, mas com um viés de alta. Essa mais alta da população pode ajudar a alimentar consumo, resultando em um crescimento maior da economia em 2023”.

Em linha com que o Banco Central vem divulgando, Pacheco afirma que a inflação tem, de fato, um componente de demanda forte, principalmente nas medidas de núcleo e inflação de serviços, que têm uma correlação com salário e mercado de trabalho.

“A taxa de desemprego hoje está bem próxima da mínima dos últimos 10 anos. Comparando, historicamente, é elevado, mas é uma tendência que se analisa nesse período, uma taxa de desemprego maior, em nível com as mínimas de 2013.”