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domingo 22 dezembro 2024
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Taubaté recebe o único espetáculo com sobreviventes da bomba atômica de Hiroshima

As histórias reais de sobreviventes, com relatos emocionados, repletos de esperança e resiliência, questionando uma das piores tragédias da humanidade. O espetáculo “Os três sobreviventes de Hiroshima”, único no mundo inspirado e encenado pelos próprios sobreviventes da bomba atômica, reúne no palco três histórias de sobreviventes do primeiro ataque nuclear da história, que compartilham as suas experiências e memórias com o público, abrangendo a tragédia da explosão nuclear na cidade de Hiroshima, no Japão, em 06 de agosto de 1945, os dias seguintes ao ataque, e a imigração para o Brasil.

A peça reconstrói a história do jovem Takashi Morita, na época com 21 anos, e das crianças Kunihiko Bonkohara com 5 anos e Junko Watanabe com 2 anos, que estavam em Hiroshima no dia do bombardeio. Em cena, eles atuam no formato de teatro-documental, também conhecido como biodrama. Fotos originais e canções da época executadas pelos sobreviventes compõem o clima da apresentação. Com roteiro e direção de Rogério Nagai, a ideia surgiu em 2012, e deu origem ao projeto Sobreviventes pela Paz, que tem o objetivo de retratar os sobreviventes de grandes tragédias da humanidade para semear a cultura de paz, para que essas tristes histórias nunca mais se repitam.

As sessões lotadas consagram o sucesso de “Os três sobreviventes de Hiroshima”, que chega a Taubaté para uma única apresentação nesta sexta-feira, 08 de março, no Teatro Metrópole, às 20h. Os ingressos custam R$ 60 (inteira) e R$ 30 (meia) e podem ser adquiridos no link:
https://www.sympla.com.br/evento/os-tres-sobreviventes-de-hiroshima-taubate/229141.

Parte da bilheteria será revertida ao Rotary Club de Taubaté.

O espetáculo já foi visto por mais de 20 mil pessoas e passou por cidades como São Paulo, Curitiba, Rio de Janeiro, Campinas, Bauru, Ribeirão Preto, Jundiaí, entre outras. Ainda que trate de uma tragédia, a peça leva uma reflexão sobre a paz por onde passa, com uma mensagem forte de resiliência, perdão e superação.

“A expectativa para nós, artistas, é ver sempre o teatro lotado, porém esse projeto é muito mais que uma simples peça de teatro, pelo fato dos próprios sobreviventes estarem ao vivo no palco, compartilhando não só suas dores, mas sobretudo o que sentiram, viram e o que fizeram para sobreviver. De uma expectativa baixa de sobrevida dada aos sobreviventes pelos médicos, vieram para um país totalmente desconhecido, e aqui reconstruíram suas vidas e prosperaram. Então lotar o teatro é dar a oportunidade de muitas pessoas terem acesso a essas experiências únicas na vida com os sobreviventes, porque a nossa geração será a última que terá contato com eles, devido à idade avançada dos sobreviventes”, relata Rogério Nagai, idealizador e diretor do espetáculo, pela NAGAI Produções Artísticas e Culturais.

O ataque a Hiroshima

Em 6 de agosto de 1945, no estágio final da Segunda Guerra Mundial, os Estados Unidos lançaram uma bomba atômica na cidade de Hiroshima. Três dias depois, Nagasaki também foi atingida. Foram milhares de mortos e feridos, além de sobreviventes, que buscaram retomar suas vidas depois da tragédia. Os números oficiais reportam entre 130 e 240 mil mortos. No Brasil, temos cerca de 60 sobreviventes das bombas de Hiroshima e Nagasaki.

SERVIÇO:

“Os Três Sobreviventes de Hiroshima”

Roteiro e direção Rogério Nagai.

Elenco: Takashi Morita (em vídeo), Kunihiko Bonkohara, Junko Watanabe, Ricardo Oshiro e Rogério Nagai.

Gênero: teatro-documentário.

Duração: 80 minutos.

Recomendação: 10 anos.

Local: Teatro Metrópole

Rua Duque de Caxias, 312 – Centro, Taubaté – SP.

Data: 08/03 – 20h – única apresentação

Ingressos: R$ 60,00 inteira e R$ 30,00 meia

Link: https://www.sympla.com.br/evento/os-tres-sobreviventes-de-hiroshima-taubate/2291410

Espetáculo em caráter beneficente, parte da renda da bilheteria será revertida ao Rotary Club de Taubaté que desenvolve projetos sociais na cidade.
Biografia dos sobreviventes

TAKASHI MORITA – Completando 100 anos, nasceu em Hiroshima em fevereiro de 1924. Nasceu morto e foi ressuscitado pelo pai. Aos vinte entrou para a Academia Militar e foi transferido para Tóquio. Em Tóquio sobreviveu ao bombardeio incendiário que ocorreu um maio de 1945. Para estar perto da família, voltou para Hiroshima. Chegou à cidade uma semana antes do ataque com a bomba atômica. No dia da explosão marchava com um pelotão pelas ruas, a cerca de 1.200 metros da explosão. Após a bomba, sofreu com problemas da radiação, desenvolvendo uma espécie de leucemia. Em busca de condições de vida melhores e um clima mais favorável para sua saúde, partiu para o Brasil em 1956 junto de sua família, esposa e um casal de filhos. Em 1984 teve conhecimento da ajuda que o governo japonês oferecia aos sobreviventes da bomba atômica e fundou a Associação dos Sobreviventes da Bomba Atômica no Brasil, que depois passaria a se chamar Associação Hibakusha Brasil pela Paz, para reivindicar os direitos dos Hibakushas que viviam no Brasil. Passou a ser um importante porta-voz dos sobreviventes da América do Sul junto ao governo japonês. Em 2008 fez parte do grupo que viajou no Peace Boat e participou de um congresso na ONU. A antiga ETEC Santo Amaro passou a receber seu nome em sua homenagem. Em 2015 recebeu o título de cidadão paulistano pela câmara municipal de São Paulo, e em abril desse ano lançou o livro “A última mensagem de Hiroshima” pela Universo dos Livros. Desde 2013 protagonizou o espetáculo de biodrama (teatro-doc) “Os Três Sobreviventes de Hiroshima” dentro do projeto Sobreviventes pela Paz, atuando com mais 2 sobreviventes da bomba de Hiroshima. Em 2019 recebeu o “Colar de Honra ao Mérito” da ALESP – Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo, pelos relevantes serviços prestados a comunidade em prol da paz.

KUNIHIKO BONKOHARA – Tem 83 anos, nasceu em Shizuoka e se mudou para Hiroshima 4 meses antes do lançamento da bomba, por causa do trabalho do pai, engenheiro civil, que havia sido transferido para a cidade. Tinha 5 anos no dia da explosão, estava no escritório do pai, que ficava a 2 quilômetros do epicentro da explosão. Ao ver o clarão o pai o empurrou embaixo de uma escrivaninha e o protegeu com o corpo. Os dois foram feridos com estilhaços de vidro. Voltaram para casa, que estava destruída e foram atingidos pela chuva negra. A mãe e a irmã mais velha de Bonkohara morreram. Bonkohara foi levado pelo pai para o interior, onde já estavam seus outros dois irmãos. Cresceu com a saúde muito frágil. Aos 11 anos teve tuberculose. E na adolescência sofria os efeitos da radiação, como feridas pelo corpo, tontura e fraqueza. Aos 20 anos foi diagnosticado com um problema cardíaco, e o médico lhe recomendou que não fizesse esforço e nem trabalhos pesados. Depois desse diagnostico, partiu para o Brasil. Trabalhou na lavoura no Paraná, como locutor de rádio em São Paulo e em cooperativas. Em 1988 se casou com uma brasileira descendente de japoneses. Em 2000 entrou para a Associação Hibakusha Brasil pela Paz. A partir de 2005 começou a fazer palestras contando sua história. Em 2010 embarcou no Peace Boat. Atualmente é vice-presidente da Associação Hibakusha Brasil pela Paz. Desde 2013 e até hoje atua no espetáculo de biodrama (teatro-doc) “Os Três Sobreviventes de Hiroshima”. Em 2019 recebeu o “Colar de Honra ao Mérito” da ALESP – Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo, pelos relevantes serviços prestados a comunidade em prol da paz.

JUNKO WATANABE – Tem 81 anos, tinha apenas 2 anos de idade em 6 de agosto de 1945. Estava a 18 quilômetros do ponto zero. Foi atingida pela chuva negra (chuva radioativa) enquanto brincava com o irmão no pátio de um templo. Não tem memória do que aconteceu nesse dia. A família lhe escondeu o fato de ser Hibakusha, e só teve conhecimento de sua condição aos 38 anos de idade. Aos 24 anos veio para o Brasil depois de se casar por correspondência com um japonês. Teve dois filhos e se dedicou a educação deles até que concluíssem os estudos. Aos 60 anos, depois de se aposentar, conheceu o trabalho da Associação Hibakusha Brasil pela Paz e a partir do trabalho na associação obteve mais conhecimento sobre os horrores da bomba atômica e suas consequências. Desde 2005 faz palestras em escolas contando sua história. Em 2008 fez parte de um grupo de 103 Hibakushas que embarcaram no projeto Peace Boat e viajaram pelo mundo contando suas histórias e divulgando a cultura de paz. Desde 2013 e até hoje atua no espetáculo de biodrama (teatro-doc) “Os Três Sobreviventes de Hiroshima” dentro do projeto Sobreviventes pela Paz, atuando com mais 2 sobreviventes da bomba de Hiroshima contando suas histórias de vida para que esses horrores da guerra nunca mais aconteçam em prol da paz mundial. Em 2019 recebeu o “Colar de Honra ao Mérito” da ALESP – Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo, pelos relevantes serviços prestados a comunidade em prol da paz.