Risco está relacionado a hemorragias e formação de depósitos de anticorpos nas artérias. Diabéticos e portadores de doenças vasculares correm mais perigo.
O surto de dengue no país tem entre seus principais sintomas a conjuntivite, inflamação da membrana que recobre a face interna das pálpebras e a esclera, parte branca dos olhos. Mas este não é o único risco para a visão. Segundo o oftalmologista Leôncio Queiroz Neto do Instituto Penido Burnier a demora na busca por tratamento também pode causar distúrbios graves na visão que nem sempre são percebidos. Até a dengue clássica, considerada menos perigosa, pode afetar o segmento posterior dos olhos – coroide (revestimento interno) e retina (membrana que transmite imagens para o cérebro). Isso porque, explica, para combater o vírus nosso sistema imune forma anticorpos que alteram a corrente sanguínea. As principais mudanças no sangue são:
· Diminuição do número glóbulos brancos e linfócitos responsáveis pela defesa do organismo.
· Queda das plaquetas que respondem pela coagulação.
O especialista diz que a queda de plaquetas pode ocasionar hemorragia subconjuntival ou intraocular. Já a oclusão vascular é precipitada pelo depósito de anticorpos nas paredes internas das artérias e vasos que aumentam o risco de derrame intraocular.
Sintomas e Tratamentos
De todas as alterações oculares decorrentes da dengue, a hemorragia subconjuntival que deixa a esclera congestionada de sangue é a que tem o aspecto mais impressionante, mas não é a mais grave. Pode estar relacionada a um trauma e por isso é mais comum entre crianças, comenta. Apesar de a aparência assustadora desaparece em semanas sem uso de medicação. Em caso de dor nos olhos ou visão turva, a recomendação é consultar um oftalmologista imediatamente.
O médico destaca que a oclusão vascular (trombose) decorrente do depósito de anticorpos nas paredes das artérias somada à queda de plaquetas pode deixa a visão embaçada e aumenta o risco de hemorragia intraocular. Por isso, comenta, quem é acometido pela dengue deve passar por exame de fundo de olho logo após o diagnóstico da doença. O tratamento é feito com aplicações de laser para impedir o sangramento. Em caso de hemorragia, ele diz que é indicada a vitrectomia. Trata-se de um procedimento cirúrgico feito com micro incisões para eliminar o sangramento que provoca cegueira irreparável quando atinge a mácula (parte central da retina).
Grupos de Maior Risco
Queiroz Neto afirma que entre fumantes a dengue dobra a chance de hemorragia intraocular por conta do aumento da obstrução vascular provocada pelas substâncias do cigarro. Portadores de diabetes e colesterol alto que provoca aterosclerose também correm maior risco. O especialista alerta os pais para o alto índice de crianças que têm estas doenças não diagnosticadas. Isso porque a expectativa é de que 1 em cada 4 casos de dengue ocorram na população infantil. Manchas vermelhas na pele, febre, dor nas articulações, olhos e músculos são os primeiros sinais de alerta da doença. A recomendação é passar por consulta oftalmológica, mesmo quem nunca foi infectado.