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sexta-feira 8 novembro 2024
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STF: quem tem o rei na barriga, um dia morre de parto

Tenho o prazer de enumerar as virtudes de um homem que veio de uma cidadezinha chamada Propriá (SE) para se tornar o presidente do STF (Supremo Tribunal Federal).
Possui um currículo de dar inveja: autor de diversas obras jurídicas e de poesias. É membro da Academia Brasileira de Letras e da Academia Sergipana de Letras. Carlos Augusto Ayres de Freitas Britto é um autêntico brasileiro, um cidadão que cumpriu o mandato de presidente do Supremo Tribunal Federal, de 2003 a 2012 , e aposentou-se ao completar 70 anos de idade.
Nessa oportunidade foi entrevistado pela rede Globo, e aproveitou no discurso de agradecimento para alertar àqueles que são contra a Lava Jato, e disse alto e em bom tom:
__Que ninguém se atreva sozinho ou enturmada mente a estancar o curso do Amazônico rio da justiça, da justa e jurídica tomada penal de conta dos desfralda dores da negociável honra do país.
E ao encerrar ainda citou que “a operação Lava Jato é patrimônio da coletividade brasileira, um tranco na cultura da cultura da impunidade de pessoas postadas nos andares de cima da sociedade”. Um olhar republicano no direito penal, que significa vitalizar o princípio republicano que todos são iguais perante a lei, que é do artigo quinto, cabeça da constituição.
Fiz uma crônica tempos atrás com o tema o “Poeta do Supremo” e vou passar alguns tópicos.
Quando tomou posse como presidente do supremo, o poeta do Supremo abriu o discurso com uma frase de T.S.Eliot, que vem de encontro com sua personalidade:
“Eu disse a minha alma, fica tranquila e espera. Até que as trevas sejam luz, e a quietude seja dança.”
Num dos trechos do discurso, falou sobre a responsabilidade de julgar. Não se deve confundir jamais o papel de julgador com o de parte processual, pois o fato é que juiz e parte são como água e óleo: não se misturam.
Para quem pensa que é o dono do mundo ou se senti um ser superior ao outro, ele deu o recado: “Quem tem o rei na barriga, um dia morre de parto!”
Para ele, o Juiz não é traça de processo, não é ácaro de gabinete e, por isso, sem fugir das provas dos autos nem se tornar refém da opinião pública. Desta forma, dá uma demonstração de que o cargo do supremo não é um cargo de confiança, como muitos pensam.
Com um espírito de poeta, falando em versos e em prosas, riscou o salão do supremo em poesia, versejando em alto e em bom tom, porque assumia a presidência do STF, com mais uma afirmação de um comandante:
“Não sou como camaleão que busca lençóis em plena luz do dia. Sou como pirilampo que, na mais densa noite, se anuncia”.
Falou da democracia que se enlaça tão intimamente a liberdade de imprensa, que “romper esse cordão umbilical é matar as duas: A imprensa e a democracia”. Democracia que deve se manter com “plena liberdade de informação jornalística”, uma relação de unha e carne, de olho e pálpebra, de veia e sangue.
Fez uma comparação entre a Justiça e a Sentença:
___A Justiça, uma palavra feminina, também não sendo por coincidência que o substantivo sentença venha do verbo sentir, na linha do que falou o sergipano Tobias Barreto: Direito não é só uma coisa que se sabe, mas também uma coisa que se sente.
Trocando em miúdos: Quem não começa pelo amor, não vai à filosofia alguma.
Não me lembro do discurso de despedida. Todavia, na posse quando falou da harmonia de sua família, que se fazia presente, e o amor de sua vida, Rita de Cassia, sua esposa e companheira. Ele, então, versejou: “Ponho os meus olhos nos olhos de Rita, mulher com quem durmo e acordo; e que também é a mulher dos meus sonhos”,.
E, filosofou profundamente ao pronunciar em seu último verso na posse :
__A silhueta da verdade só assenta em vestidos transparentes.
Na sua última sessão no STF fechou com chave de ouro. Cercado pela imprensa, disse :
__Passei por aqui e não perdi a viagem. Com certeza foi mesmo uma viagem de alma e não uma viagem de ego.
E, finalizou:
__A toca gostou dos meus ombros!
Frase da semana: “ Será que já raiou a liberdade ou foi tudo ilusão/Será que a Lei Áurea tão sonhada a tanto tempo assinada, não foi o fim da escravidão …” (Samba da Estação Primeira de Mangueira)