A startup Sanergya, de Taubaté, foi selecionada na primeira edição do Programa de Inovação em Hidrogênio Verde, o iH2Brasil, uma iniciativa pioneira da Aliança Brasil-Alemanha para o Hidrogênio Verde, formada pelas Câmaras de Comércio e Indústria Brasil-Alemanha de São Paulo e Rio de Janeiro, responsáveis pela realização do Programa, que contam ainda com o apoio da Agência de Cooperação Técnica da Alemanha – GIZ (Deutsche Gesellschaft für Internationale Zusammenarbeit (GIZ) GmbH) e do Ministério de Minas e Energia – MME, que tem por objetivo fomentar ideias para o desenvolvimento de soluções inovadoras na produção, logística e aplicação que contribuam com a expansão da utilização do H2.
Projeto selecionado
A Sanergya surgiu para atuar em soluções de projetos ecoeficientes de tecnologia do biogás/biometano, e conta com pesquisadores com mais de 25 anos de experiência da Universidade de Taubaté e do CNPq.
A proposta apresentada ao iH2Brasil é uma continuidade do projeto Estudo de Desenvolvimento de Estações de Tratamento de Efluentes e Biometanização Ecoeficiente (ETEBE), onde foram estudadas à luz da nova resolução ANP, que regulariza a distribuição e injeção do biometano na rede de GN e uso veicular.
A cadeia produtiva desse biocombustível no Brasil está em franca expansão. Por meio de parceria com o Programa Low Carbon Action Brazil da União Européia, foram estudados e desenvolvidos planos de negócios de projetos com tecnologias alemãs consolidadas de biometanização de resíduos em ciclo fechado, para a produção de biometano para injeção na rede de gás e veicular, além do uso do biofertilizante.
O projeto visa nacionalizar parte das tecnologias estudadas e desenvolver um Kit Ecoeficiente de Eletrólise para Pré-Purificação e Enriquecimento de Biogás (KEEPEB) em biodigestores anaeróbios e estações de tratamento de efluentes sanitários, operando com biomassa residual.
Como vitrine do projeto, a Sanergya pretende implantar o sistema de enriquecimento de biogás, em biodigestor de mini usina de processamento de alimentos à base de plantas alimentícias não convencionais produzidas em sistema agroflorestal da Mata Atlântica.
O Programa de Inovação em Hidrogênio Verde
O programa iH2Brasil consiste na realização de três edições, entre 2022 e 2023, e além das startups, vai reunir ideias inovadoras de entusiastas e de instituições sem fins lucrativos. A primeira chamada, que incluiu o período de inscrições e a avaliação dos projetos-piloto apresentados, foi de 14/03/2022 a 03/06/2022. Na categoria startups, foram inscritos 30 projetos, dos quais oito foram selecionados para o processo de aceleração, que vai até outubro de 2022. Elas têm como objetivo específico alavancar negócios inovadores e promover a inovação aberta por meio do desenvolvimento de projetos-piloto entre startups e empresas já estabelecidas.
Cenário atual
Diante da crescente preocupação mundial para conter as mudanças climáticas e os seus efeitos no planeta, os países vêm firmando compromissos de redução de emissões de CO2. Alinhado a isso, o governo brasileiro, sexto maior emissor de CO2 do mundo, se comprometeu em reduzir suas emissões em 37% até 2025, e em 43% até 2031. Apresentando também metas ambiciosas para reduzir as emissões de gases de efeito estufa (GEE) em 55% até 2050.
Uma das principais formas de evitar o aumento da concentração de CO2 na atmosfera, e seus consequentes efeitos para o planeta e sociedade é por meio do uso de fontes de “energia limpa”, ou seja, que não se utilizam de combustíveis fósseis na sua produção.
O Brasil já possui 83% da sua matriz energética proveniente de energias renováveis, ocupando o primeiro lugar entre os países em produção de energia limpa. Isso se dá, devido às suas características geográficas e climáticas que, também habilitam o potencial do país para se tornar um dos líderes globais em Hidrogênio Verde, uma das principais apostas para a eliminação dos combustíveis fósseis. A energia renovável no Brasil apresenta custos de geração que estão entre os mais competitivos do mundo, indicando esta mesma tendência para o Hidrogênio Verde.
“Olhando especificamente para o ecossistema de PD&I voltado ao Hidrogênio Verde, a situação é incipiente e bastante concentrada no campo da produção, ficando bastante defasada a parte de logística e de aplicação. Fora isso, ainda são poucas as iniciativas voltadas ao apoio de Cleantechs, empresas baseadas em tecnologias limpas, que demandam grande investimento e tempo para seu desenvolvimento”, diz Bruno Vath Zarpellon, diretor de Inovação e Sustentabilidade da Câmara Brasil-Alemanha de São Paulo (AHK SP). “O Programa iH2Brasil vai permitir ao Brasil sair na frente e se tornar referência mundial na utilização de hidrogênio verde para conter os efeitos nocivos das emissões de carbono na atmosfera”, acrescenta Zarpellon.
Principais desafios apresentados às startups
Para a produção de hidrogênio verde:
• Novas formas de produção e rotas tecnológicas;
• Novos modelos de negócio, considerando que a produção pode ser centralizada ou distribuída;
• Melhoria da eficiência em formas de produção já existentes;
• Qualidade de produto (pureza do hidrogênio produzido);
• Diminuição da intermitência das energias renováveis;
• Sistemas de monitoramento de desempenho;
• Redução de custos de produção etc.
Para a logística e distribuição de hidrogênio verde:
• Novas formas de transporte, armazenamento e conversão;
• Melhoria da eficiência das formas de transporte, armazenamento e conversão já existentes;
• Aumento da segurança e controle em todas as etapas da logística;
• Infraestrutura de postos de abastecimento e canais de fornecimento.
Para a aplicação de hidrogênio verde:
• Novas aplicações de hidrogênio;
• Melhoria da eficiência de aplicações já existentes;
• Sistemas de monitoramento de desempenho;
• Integração com outros vetores de energia.
Trilha de aceleração
As startups selecionadas receberão, durante a trilha de aceleração, nove benefícios para que consigam desenvolver seus projetos-piloto.
• Acesso ao mercado e suporte para a realização do projeto-piloto;
• Análise detalhada da startup para customização do processo de aceleração;
• Análise do posicionamento global da tecnologia e/ou solução;
• Intermediação de contato de potenciais empresas para o projeto-piloto;
• Suporte para planejamento e concepção do projeto-piloto por meio de oficinas mediadas por especialistas;
• Assessoria jurídica para mapeamento de potenciais passivos jurídicos da startup e do projeto-piloto, e apresentação de ações de mitigação do risco;
• Suporte para prototipação e PD&I do projeto- piloto;
• Prospecção de mentores em diversas áreas de acordo com as necessidades da startup;
• Apresentação de incentivos, subsídios e fomentos à PD&I nacionais disponíveis para startup e apoio para aplicação de instrumentos apresentados.