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quarta-feira 25 dezembro 2024
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Star Wars: A Ascensão Skywalker

Não é todo dia que se encerra uma história iniciada há 42 anos. Não é todo dia que vemos uma saga chegar ao seu nono episódio cinematográfico, além de outros produtos derivados. Não é todo dia que uma franquia é capaz de reunir tantas gerações em torno de um só sentimento. E, por fim, não é todo dia que somos agraciados com a possibilidade de acompanhar um produto de tamanha importância dentro da cultura pop mundial. E é exatamente por essa magnitude que A Ascensão Skywalker já foi concebido com um enorme potencial tanto para o agrado quanto para o desagrado.

Essa nova trilogia de sequências, que deu início com o episódio VII, O Despertar da Força (2015), sempre foi um tanto controversa. Muitos fãs se perguntavam se era realmente necessário continuar contando aquelas histórias, enquanto outros desejavam isso há anos. O fato é que após a chegada do filme, dirigido por J.J. Abrams, a grande maioria dos simpatizantes gostou do trabalho da Disney em revitalizar a saga, trazer novos personagens e colocar os antigos protagonistas em posição de lendas. Não se pode agradar a todos, mas podemos dizer que foi um sucesso suficiente para garantir a trilogia. As coisas, porém, começaram a tomar rumos estranhos com o lançamento do episódio VIII, Os Últimos Jedi (2017).

Em Os Últimos Jedi, dirigido por Rian Johnson, os rumos da galáxia distante que conhecemos começaram a mudar radicalmente. A expansão da mitologia, o fim de personagens icônicos, a ousadia em pensar grande e a cinematografia digna de obra de arte elevaram o patamar da franquia e prepararam voos jamais vistos. Tal frescor, necessário para revigorar a terceira trilogia da série, foi, porém, massacrado pelos fãs puristas que não estavam preparados para mudanças radicais e não ficaram satisfeitos com as escolhas do episódio VIII. Apesar do sucesso com a crítica e de ser, claramente, um dos melhores filmes de toda a franquia, o apelo dos fãs foi grande o suficiente para abalar as estruturas da Disney, que na tentativa de resgatar o furor do episódio VII, resolveu retornar com J.J. Abrams no encerramento, o esperado episódio IX.

Toda essa contextualização se faz extremamente necessária para entendermos a dimensão e a motivação por trás de tamanha bagunça que esse episódio final apresenta. É espantoso o grau de simplicidade adotado para resolver grandes mistérios cultivados há tanto tempo. O próprio letreiro clássico de abertura já entrega situações que esperávamos ver durante a projeção, e não apenas ler e aceitar. A história é corrida, com desenvolvimento pífio e com muitos personagens descartados, além dos descartáveis.

Tudo isso para ter tempo hábil de abrigar dois filmes em um, afinal A Ascensão Skywalker passa metade do seu tempo tentando desfazer, ou corrigir, tudo que vimos no episódio anterior. Em alguns momentos o roteiro integra tanto as alfinetadas de J.J. Abrams ao longa predecessor que soa nitidamente como uma birra entre diretores. Algumas dessas correções de curso chegam a ser patéticas e infantis.

Há mérito também, ainda que ofuscado, no episódio IX. A fotografia, apesar de bem mais tímida, ainda é um ponto alto. Os atores continuam entregando atuações críveis e emocionantes, até com os boicotes do próprio roteiro. Daisy Ridley e Adam Driver são, definitivamente, os melhores na tela. O personagem de Oscar Isaac ganha mais contornos de personalidade e profundidade.

A saudosa Carrie Fisher, sempre bem, tem bom tempo em cena, mostrando que muitas coisas não tinham sido usadas anteriormente, entretanto deixando mais aparentes as fraquezas do roteiro em adaptar a história para suas cenas remanescentes. Alguns pontos de fechamento da história são satisfatórios, as pontas que precisavam ser amarradas, foram. Todas de maneira simples e esperadas.
Verdade seja dita, os estúdios responsáveis por esse episódio final se deixaram levar demais pelo clamor do público, ao invés de se manterem fiéis a história que tinham planejado. Abandonaram toda a coragem e inovação trazida em Os Últimos Jedi e adotaram, novamente, uma postura conservadora, embebida em referências e fan services, jogando na projeção, quase que aleatoriamente, tudo que os órfãos do filme passado queriam ver e, ao contrário de mirar alto, o filme mira no caminho fácil, seguro, sem impressionar ninguém, mas satisfazendo a vontade de muitos. A Ascensão Skywalker encerra 42 anos de enredo com os pés no chão, com momentos planejados para emocionar, porém sem força para empolgar ou fazer refletir.