O estudante Matheus de Oliveira Prado, 17 anos, morador do bairro do Bonfim, faz uso do transporte público especialmente durante a semana, para ir até a escola. O taubateano estuda no Centro Educacional Municipal Terapêutico Especializado (CEMTE), unidade de educação voltada ao atendimento em habilitação e reabilitação de pessoas com deficiência. Comunicativo, sempre faz amizades com os motoristas que atuam na linha 16, cujo itinerário atende a região com o nome de Chácara Flórida-Cecap / Rodoviária Velha.
Em uma das viagens, Matheus conheceu o motorista André Menezes, que há quatro anos trabalha na empresa ABC Transportes Coletivos. O contato quase diário fez a amizade se fortalecer, a ponto de o estudante revelar mais recentemente ao profissional um grande sonho. Ser motorista de ônibus. A paixão do adolescente é tanta pela profissão que chegou a desenvolver, por meio de aplicativos de celular, vídeos com ônibus trafegando pelas ruas da cidade. O veículo virtual inclusive é caracterizado com as cores da concessionária que presta serviços ao município.
No entanto, na mesma conversa, Matheus também disse que acredita ser impossível dirigir um ônibus, devido às limitações dos movimentos causada pela paralisia cerebral. “Foi aí que ele me perguntou se podia tirar uma foto sentado no banco do motorista”, conta André Menezes.
Na tarde desta quarta-feira, 26 de janeiro, os dois amigos novamente se encontraram na plataforma do Terminal Rodoviário de Passageiros, mais conhecido pelos taubateanos como ‘Rodoviária Velha’.
Enquanto aguardava o horário de saída, o motorista chamou o passageiro para o tão sonhado momento. Sentar no banco do motorista para a fotografia. Já no lugar, o estudante demonstrou todo a alegria pela oportunidade. “Um sonho realizado”, afirmou. O estudante também tem vontade de conhecer a sede da empresa e o funcionamento logístico do transporte municipal.
O registro foi feito pelo próprio profissional, que aproveitou para gravar uma mensagem a todos os colegas. “Às vezes a gente acha que ninguém está nos observando, mas tem muitas crianças, adolescentes, jovens que desejam um dia trabalhar no transporte coletivo. Nós somos exemplos para eles (…) O maior sonho deles é apenas sentar no nosso lugar”.
Outro grande sonho de Matheus é conquistar uma vaga no mercado de trabalho. O estudante está em busca do primeiro emprego, mas tem encontrado dificuldades. “Muitas empresas não valorizam as pessoas com deficiência, priorizam mais as pessoas que não são PcD”, ressalta.
