• Rogério Miguez
Um mundo de provas e expiações, como a nossa Terra, abriga Espíritos que embora sempre evoluindo, o fazem entre sucessos e deslizes morais ao longo de suas particulares existências.
Desta forma, é de se esperar esta pequeníssima parte da Humanidade corriqueiramente infringindo as leis divinas. Nada a estranhar, basta recordar as palavras de Jesus, quando advertiu1: “Ai do mundo por causa dos escândalos: pois é necessário que venham escândalos; mas ai do homem por quem o escândalo vem.” (Mateus 18:7)
Quando o escândalo se materializa, surge para o autor, quando consciente de seu desvio, um turbilhão de sentimentos: vergonha, descredito em si mesmo, humilhação, incertezas atrozes, remorso, angústia, depressão, solidão, entre outros, passando a atormentar o infrator.
A vida do transgressor passa então e ser um desenrolar de dúvidas e questionamentos, no sentido de tentar esclarecer ou entender por quais causas ou motivos, chegou-se àquele desfecho.
Observemos a natureza: ela expressa em suas diversas fases do ano algo semelhante ao que acontece rotineiramente em nossas vidas, ou seja, há o verão, outono, inverno e finalmente a primavera. Normalmente o inverno não é muito apreciado, pois o frio intenso provoca desconforto, representando o período no qual o Espírito vive as indefinições provocadas pelo escândalo cometido.
No inverno, tudo fica cinzento, não há mais a alegria de viver, as muitas situações se colorem de tons sem vivacidade, tudo permanece sem graça, as árvores apresentam-se despidas de suas folhas e flores multicoloridas. O mesmo se passa entre os transgressores da ordem divina. Dependendo da falta cometida e da forma como enfrentam a situação, cogitam mesmo em abrir a traiçoeira e ardilosa porta do suicídio e, quando assim procedem com “sucesso” se arrependem amargamente mais à frente, suportando então expiações severas, em resposta ao ato mais grave que a criatura pode cometer contra o seu Criador.
A Doutrina, como em qualquer situação, possui orientações seguras e precisas nestes casos:
1. Colocar as mãos no serviço de preferência em direção aos menos felizes;
2. Colaborar na edificação do bem e da verdade, em favor de si mesmo;
3. Dedicar-se aos estudos e meditações recordando e fortalecendo o entendimento das regras divinas;
4. Servir sem questionar, àqueles a se apresentarem necessitados;
5. Não se afastar da casa espírita onde milita ou frequenta, pois, sozinho pode não encontrar forças renovadoras;
6. Buscar o atendimento fraterno para, se desejar, conversar sobre a situação;
7. Refazer o passo e buscar o anjo guardião pelo pensamento;
8. Orar e pedir forças novas ao Criador.
Estas são medidas simples, mas infalíveis, estando todas ao nosso alcance, podendo auxiliar na retomada da caminhada, pois estagnar nunca será a melhor opção. Martirizar-se, crendo-se o último dos últimos, igualmente não resolverá, só agravará a situação, deixando o infrator mais exposto aos rigores do inverno. Se daqueles a nos cercar, vier a condenação, saibamos aceitá-los humildemente, equivocados estão, e mais cedo ou mais tarde, reconhecerão, porquanto ainda agem no momento conforme padrões estabelecidos em nossa sociedade, que ditam e impõem o julgamento e a consequente aplicação da pena, sem maiores avaliações do quadro amplo caracterizando qualquer desvio cometido contra as Leis divinas.
Desta forma, se o escândalo alcançar a nossa particular jornada, seja de que monta for, olhemos para o alto, elevemos o nosso pensamento em direção a Deus, solicitando sinceramente o perdão do Eterno, e prossigamos decididos, agora mais sábios diante da experiência vivenciada, certos de que o Deus Pai, não pune Seus filhos eternamente, pelo contrário, é o Seu desejo que nos libertemos de nossas limitações e marchemos resolutos rumo à perfeição, meta fatal a nos alcançar, mais hoje, mais amanhã.
Não deixemos nos envolver pelo frio inverno da incerteza e da tristeza, a primavera sempre retornará, colorindo de flores mais uma vez os caminhos de nossa existência, nos convocando a seguir em frente, resolutos, agora e sempre.
1. KARDEC, Allan. O Evangelho Segundo o Espiritismo. Trad. Guillon Ribeiro. 112. ed. Cap. VIII, it. 11. Rio de Janeiro: FEB, 1996.
Sob os rigores do inverno
out 23, 2018Bruno FonsecaColuna Espírita (Agê)Comentários desativados em Sob os rigores do invernoLike
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