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segunda-feira 2 dezembro 2024
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Seriam os espíritas radicais?

• Gerson Sestini – Rio de Janeiro/RJ
Essa pergunta pode se abrir em um leque de respostas, dependendo do sentido que se dê a ela. O adepto de qualquer filosofia tem os seus postulados básicos como inamovíveis, portanto não poderá ser tachado de radical por se firmar neles.
Se alguém se confessar espírita, mas diz que não crê na reencarnação, por exemplo, poderá ser tido como simpatizante da Doutrina, mas não espírita, pois a reencarnação constitui um dos seus postulados básicos. Os ocultistas e demais profitentes de crenças espiritualistas com pontos de contato em comum com o Espiritismo geralmente são aqueles que costumam apontar os centros espíritas e os espíritas como radicais, criticando mais o método que escolhem para organizar seus trabalhos do que a Doutrina Espírita, que geralmente desconhecem ou têm apenas um conhecimento superficial.
Não deixam de ter certa razão aqueles que são barrados ao tentarem ingressar numa casa espírita ‘por não estarem trajados adequadamente’, enquanto que em outra casa podem passar livremente, por exemplo. São situações óbvias em que o bom senso deve se impor: a questão de proibir blusas sem manga, bermudas curtas, causa certo desconforto ao visitante, como ocorre nas igrejas, principalmente nos verões quentes e nas cidades praianas.
Os regulamentos divergem de um centro a outro de acordo com os estatutos e normas adotados pela comunidade que é uma sociedade civil. Se eles se baseiam na seriedade dos trabalhos que exigem ordem e disciplina dentro dos fundamentos da Doutrina Espírita, não poderão ficar fazendo exceções, atendendo este ou aquele necessitado que insista em desobedecer às normas estabelecidas, considerando-se que todos somos necessitados de luz e discernimento espiritual, como aquele irmão que tenta infringi-las.
Muitos se queixam de não poderem tomar passe porque não assistiram à palestra que antecedeu aquela atividade da casa; outros porque são impedidos de entrar depois de iniciada a palestra; outros ainda porque não são admitidos na casa rituais de batismo, nem sessões de homenagens aos que se casam ou desencarnam… Então se afastam da comunidade dizendo: ‘os espíritas são muito radicais, não aceitam nada que possa ‘melhorar o centro’.
Aqueles que falam assim demonstram que não conhecem ainda o Espiritismo e querem moldá-lo aos seus desejos. Esses irmãos, muitas vezes estão sob ação de entidades que querem afastá-los da casa que poderia beneficiá-los; num atendimento fraterno apropriado poderiam ser melhor esclarecidos e acatarem as normas do centro.
Quanto aos hábitos inconvenientes e às novidades que surgem, como a existência de ‘crianças índigo’ e que pretendem se impor nas comunidades que não possuem elementos esclarecidos para refutá-las, há aí um problema cuja solução estaria no estudo consciente da Codificação Espírita pelos seus membros. Os rituais que possam estar entremeados nas práticas espíritas, sessões públicas com desobsessão, logo serão banidos, porque não são condizentes com os postulados espíritas.
Aqueles que se sentem atingidos pelas mudanças, deixam que os melindres falem por eles, acusando a direção de intolerância e radicalismo. No entanto, acontece o contrário: o Espiritismo é evolucionista, está sempre incorporando todas as descobertas, invenções e procedimentos científicos comprovados para o progresso e bem-estar da humanidade. E os espíritas convictos e estudiosos estão longe de serem radicais ao tratarem da Doutrina Espírita. Como dizia Chico Xavier: “Só há uma lei que não muda, a lei da mudança”.