234- Nossa cultura, ou a falta dela, não sei muito bem nos empurra para determinados lugares que eu chamaria de no mínimo estranhos.
A maioria esmagadora de nossa população não faz trabalho voluntário de forma rotineira e constante, qualquer que seja essa constância. Insistimos em dar oi mesmo nome as coisas que não são a mesma coisa. Exemplo outlet.
Hoje, a maioria dos lugares que tem o nome de outlet não cumprem com o papel de outlet, que é vender os mesmos produtos de lojas de shopping com preços diferenciados.
No voluntariado, muitos insistem em dar o nome de voluntariado a coisas que não são trabalho voluntário, como o projeto do governo federal que instituiu um programa importante e bom, mas deu o nome de voluntário civil, eventos como a copa do mundo que se utilizam do voluntariado sendo que os organizadores, jogadores, todos tem altos lucros nesta competição.
Hostels por todo o mundo divulgam vagas de trabalho voluntário, que não são, em primeiro lugar por serem estabelecimentos com finalidade lucrativa e em segundo lugar por que as vagas são para trabalhos formais como arrumadeira, recepcionista entre outros, que trabalham um período e o outro período podem fazer turismo, sendo isto uma troca de serviços, justo e legal, mas não é voluntariado.
E agora a política, onde candidatos se utilizam de voluntários com esta nomenclatura para divulgarem suas supostas plataformas, pois nenhum deles apresenta nada de fato, e deturpam o trabalho de voluntários, pois eles, os políticos, ganhando ou perdendo as eleições terão seu quinhão de lucratividade em recursos ou outros bens, mas que não sairão sem ganhar nada. E assim o nome a marca voluntariado é deturpada e desviada de sua verdadeira finalidade.
Se os que lutam pela causa do voluntariado não falam nada, quem falará?
Uma voz sozinha não fará grande diferença, mas o oceano sem uma de suas gotas, fica um pouco menor.
Sou um defensor da causa voluntária e vou insistir para a valorização desta modalidade séria, histórica e que faz a diferença para muitas comunidades no mundo todo.
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Roberto Ravagnani é palestrante, jornalista (MTB 0084753/SP), radialista (DRT 22.201), Consultor especialista em voluntariado e responsabilidade social empresarial. Voluntário palhaço hospitalar desde 2000, Conselheiro Diretor da Rede Filantropia, CEO da empresa de consultoria R. R. Desenvolvimento e Transformação Humana LTDA, porta voz pela ONU, Global Friends of Volunteering (IAVE), Associado da VRS Consult da Guatemala e professor de Voluntariado da PADLA – México. @roberto.ravagnani