A comemoração de Corpus Christi ocorre após a festa da Santíssima Trindade, sempre em uma quinta-feira, em alusão à Quinta-Feira Santa, quando se deu a instituição da Eucaristia. Ao celebrarmos a Eucaristia, ouvimos o sacerdote dizer: “Isto é o meu corpo; isto é o meu sangue” e recordando as Palavras de Jesus na Última Ceia. Contudo, nem sempre tomamos consciência da profundidade desse mistério.
Em todos os dias do ano, a Igreja celebra a Eucaristia. Oferece-a a Deus em sacrifício de louvor, aos fiéis a distribui em alimento, e nos tabernáculos a conserva, a fim de que Cristo, presente no Sacramento, seja o centro e sustentáculo da vida deles. A solenidade deste dia não é tanto a lembrança da instituição deste Sacramento, quanto a celebração de um mistério vivo e atual.
Não é a Eucaristia alimento material e, sim, espiritual, verdadeiro Corpo e verdadeiro Sangue de Cristo oferecido ao cristão como viático de sua peregrinação terrena. É o “pão nosso de cada dia” que deveriam os fiéis pedir e comer diariamente, mais desejosos e famintos dele do que do pão material.
É o que nos levam a refletir as palavras de Jesus no Evangelho de São João: “Eu sou o pão vivo descido do céu. Quem come deste pão viverá eternamente, e o pão que eu darei é minha Carne para a vida do mundo” (6,51).
Tão vivificante é o pão da Eucaristia, que se torna gérmen e penhor de vida terna, justamente por ser o Corpo daquele que é “a vida” (Jo 14,6). Mistério da fé, proclama a Igreja cada vez que consagra a Eucaristia. Mistério da fé, há de repetir o cristão, cada vez que se aproxima para recebê-lo.
Devemos aproximar-nos e comer. “Quem come a minha Carne e bebe o meu Sangue permanece em mim e eu nele…Quem me come ,viverá por mim”(Jo 6,56).
A Eucaristia é fonte de comunhão também entre irmãos. “Porque há um só Pão, somos um só corpo; embora muitos, participamos todos deste único Pão” (1 Cor 10,17). Assim como o Pão eucarístico é um só – Corpo de Cristo – assim os que dele participam formam, por sua vez, um só corpo, a Igreja, Corpo místico de Cristo. Na Eucaristia, Deus nos recria, nos renova a identidade divina.
Devem, portanto, os cristãos tirar da Comunhão eucarística o fruto de mais intensa comunhão com os irmãos.