Muito se fala em Indústria 4.0 e tecnologia disruptiva, ou seja, a tecnologia que rompe os padrões e modelos já estabelecidos no mercado. Após três grandes revoluções industriais, chegamos à quarta, denominada Indústria 4.0. Sabemos que a tecnologia digital já mudou nossas vidas, mas precisamos entender o que ainda está por vir e quais serão os impactos para as empresas e profissionais. É preciso compreender ainda como serão manufaturados os produtos do dia a dia.
A nova revolução afetará algumas áreas do mundo industrial, entre elas, a comunicação, a interação e a troca de informações, que estamos chamando de “reunião das máquinas”. Nos depararemos com uma grande transformação nos processos de manufatura, quando não será mais necessário fazer uma programação para a fabricação de um produto final, ou seja, as peças, ao chegarem nas máquinas, já conterão as devidas informações para tal ação. E se as máquinas irão interagir entre si e a cadeia de valor estará interligada, devemos nos preparar para o aprendizado contínuo, por meio da administração 4.0. Sabemos que o conhecimento será um desafio diário e teremos mudanças constantes em rotinas de trabalho. Na administração empresarial, será afetada a forma de visualizar soluções imediatas e os processos administrativos terão que ser reavaliados em velocidade e eficiência exemplar.
A internet das coisas, denominada em inglês Internet of Things (IOT), criou um novo paradigma chamado sociedade 4.0, e deu origem a um novo modelo mental que integra o mundo físico (chamado de lugares), biológico (chamado pessoas) e digital (chamado tecnologia). O próprio aplicativo de celular chamado Waze é prova cabal que a sociedade 4.0 já integra o mundo físico, o biológico e o digital de maneira simples e natural, sem que percebamos diretamente essa influência na sociedade 4.0. Mas vocês devem estar se perguntando: e como ficam os empregos com toda essa história de tecnologia digital, indústria 4.0, internet das coisas, sociedade 4.0 e administração 4.0? A empregabilidade terá espaço nessa sociedade 4.0?
Segundo uma análise feita pela consultoria Ernst & Young, até 2025, um em cada três postos de trabalho deve ser substituído por tecnologia inteligente. O estudo prevê que, em um curto espaço de tempo, poderá haver extinção de profissões operacionais. Outra pesquisa apresentada em 2017, pela consultoria americana McKinsey & Company, aponta que cerca de 800 milhões de profissionais poderão perder seus empregos até 2030, já que até um terço dos trabalhos atuais poderá ser automatizado. Por outro lado, segundo a McKinsey, empregos que requerem interação humana, como médicos, advogados, professores, entre outros, têm menos chance de serem substituídos por robôs.
Diante disso, é essencial que as pessoas mantenham seu nível de empregabilidade em alta, com o conhecimento e aprendizado em constante evolução. Podemos observar, ao longo da trajetória profissional e pessoal, que o conhecimento é individualista, e cada um adquire de uma maneira específica. E é exatamente por isso que as instituições de ensino investem em plataformas educacionais, ambientes virtuais de aprendizagem, e todo conhecimento adquirido pelos estudantes é de grande valia para melhorar a empregabilidade no futuro.
A boa notícia é que a quarta revolução industrial poderá aumentar a renda global e melhorar a qualidade de vida em todo o mundo, à medida em que elevará a produtividade a partir dos ambientes amplamente automatizados, operados por robôs e conectados a dispositivos inteligentes que serão capazes de interagir e cooperar com pessoas, máquinas e sistemas. A projeção positiva aparece no relatório da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) denominado ‘A próxima revolução de produção: implicações para governos e empresas’, de 2017. O documento sustenta que as novas tecnologias de produção trarão empregos mais seguros, a produção será mais ecológica e os serviços personalizados e cada vez mais velozes no atendimento às demandas das pessoas e dos mercados.
Diante disso, a administração 4.0 é um caminho sem volta, pois entender essa trajetória epistemológica é enxergar fora dos padrões. O desafio será: quem antes perceber essa mudança no aprendizado, estará à frente dos demais aprendizes. Os profissionais já enfrentam outros grandes desafios para se manterem relevantes no mercado de trabalho, e interiorizar essa questão de que somos eternos aprendizes é fundamental para se diferenciar diante deste novo modelo.
* Edner Roberto de Castro é professor e coordenador dos cursos de Administração, Tecnologia em Recursos Humanos, Logística e Marketing da Faculdade Anhanguera de Taubaté.