Search
domingo 1 dezembro 2024
  • :
  • :

Roustaing e os quatro Evangelhos

• Astolfo O. de Oliveira Filho – Revista Virtual O Consolador
O que existe de errado na obra “Os Quatro Evangelhos”, de J. B. Roustaing?
Há na obra de Roustaing três grandes problemas, que a tornam incompatível com a Doutrina Espírita, ou seja, com as obras de Kardec, de Delanne, de André Luiz e de Emmanuel. Excetuando esses problemas, o livro tem coisas interessantes e a edição da FEB é primorosa. Em nenhum outro livro a FEB teve o capricho que teve com essa obra. Os três problemas fundamentais são:
(1) A tese de que a “encarnação” não é obrigatória, nem mesmo necessária, e só se dá em caso de queda do Espírito. A evolução da criatura humana, quando ela chega à fase da humanidade, ocorreria em cidades espirituais, como a cidade “Nosso Lar”. Se o Espírito apresentar nessa condição algum defeito a ser corrigido (vaidade, inveja etc.), ele aí sim terá de “encarnar”. A reencarnação seria uma consequência dessa primeira encarnação. A Doutrina Espírita diz-nos, porém, que a encarnação é necessária ao duplo progresso do Espírito e do mundo corporal em que ele se encarna. Sem a passagem pela encarnação, o Espírito ficaria estagnado, não haveria progresso, nem dele nem dos planetas.
(2) Ao encarnar, o Espírito enfrentará, segundo Roustaing, um “mundo primitivo”, encarnando-se aí na condição de criptógamo carnudo. Um exemplo de criptógamo carnudo são as nossas “lesmas”. Roustaing está dizendo, portanto, que uma alma humana se encarnará numa forma animal que nem chegou ao nível dos vertebrados, o que está aquém da própria metempsicose, porque, afinal de contas, nascer como tigre (um animal vertebrado) é mais digno do que nascer como lesma (um animal invertebrado). Além do ensino da metempsicose, Roustaing está admitindo a retrogradação da alma, que chegou à fase hominal e então regride à fase animal. A Doutrina Espírita repele a metempsicose, assunto tratado em diversos momentos de sua obra por Allan Kardec.
(3) Jesus, segundo a obra publicada por Roustaing, não encarnou, não possuiu um corpo carnal. Jesus teria sido um “agênere”, um Espírito materializado. Assim se explicariam seu desaparecimento dos 12 aos 30 anos, período do qual ninguém fala, e o sumiço do corpo material nos dias seguintes à crucificação. Kardec ensina-nos coisa inteiramente diferente, como o leitor pode ver no livro A Gênese, publicado em 1868, quase dois anos depois da publicação da obra roustainguista.