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sábado 30 novembro 2024
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Real e Ibovespa têm segunda maior valorização no mundo neste ano, diz levantamento

Mercado brasileiro é beneficiado por um forte fluxo de investimento estrangeiro desde o início do ano

O real teve uma valorização de 17,8% em relação ao dólar no primeiro trimestre de 2022, a segunda maior dentre 120 países, enquanto o Ibovespa avançou 34,6%, com o segundo melhor desempenho dentre 79 bolsas, segundo um levantamento da agência de classificação de risco Austin Rating feito a pedido do CNN Brasil Business.

A moeda norte-americana já opera na casa dos R$ 4,66 em relação ao real, segundo fechamento da sexta-feira (1º), se distanciando da casa dos R$ 5 ultrapassada em 2020.

O desempenho do real supera a média dos países emergentes, de valorização de 5,06% ante o dólar, assim como do grupo dos Brics (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul), que teve recuo de 1,01%. A média geral dos 120 países é de desvalorização de 1,14%.

Com isso, a moeda ficou atrás apenas do Kwanza, moeda da Angola, que valorizou 24,4% devido a elementos semelhantes aos da alta do real, em especial um fluxo de investimento estrangeiro que busca grandes produtores de commodities, cujos preços dispararam.

Não à toa, as dez moedas de melhor desempenho são de países fortemente ligados a esses produtos, principalmente na África e América Latina.

Já as moedas de pior desempenho são as de países que passam por instabilidades políticas, sociais ou econômicas, afastando investidores. É o caso da lira turca (115º) e da rupia do Sri Lanka (120º), mas também do rublo da Rússia (114º, com recuo de 11,1%), do rublo de Belarus (119º, com recuo de 21,7%) e da hryvnia ucraniana (111º, queda de 7,5%).

Os três países estão envolvidos em um conflito no Leste Europeu que ocorre há mais de um mês, com as economias da Rússia e Belarus severamente impactadas por sanções de países ocidentais. Moedas de outros países europeus também tiveram desempenho ruim, já que o continente tende a ser um dos mais afetados pelo conflito.

Em relação ao Ibovespa, o principal índice da bolsa de valores ficou atrás apenas do ALSZI, da bolsa do Zimbábue, também um país relevante na produção de commodities. Lá, a alta trimestral foi de 46,5%.

As outras oito bolsas com melhor desempenho também são de países ligados a produtos básicos, em especial minerais e petróleo, caso do Chile, Qatar e Arábia Saudita.

O Sri Lanka também teve o pior desempenho entre as bolsas mundiais, com recuo de 49,8%. Em segundo lugar vem a Rússia, cujo índice MOEX caiu 35,9%, novamente refletindo o efeito das sanções econômicas.

Países europeus, caso da Finlândia, Suécia, Alemanha e Áustria, estão entre os piores desempenhos, por causa da guerra na Ucrânia. A China também está entre os dez piores desempenhos, com uma fuga de investimentos devido a intervenções do estado em empresas, em especial as de tecnologia e do setor imobiliário.

Nos Estados Unidos, a bolsa de Nasdaq, focada na área de tecnologia, perdeu 9,1% no trimestre (em 62º lugar), enquanto o índice Dow Jones recuou 4,6% (em 45º lugar), conforme os investidores tiram investimentos na renda variável norte-americana com o país iniciando um ciclo de alta de juros.

Fatores por trás do desempenho brasileiro

Os bons desempenhos do real e do Ibovespa refletem uma tendência de valorização iniciada neste ano, baseada em um fluxo de investimentos estrangeiros devido a alguns fatores.

Contribuindo para a moeda brasileira, a taxa de juros, hoje em 11,75%, é uma das maiores do mundo em termos reais, o que torna a renda fixa do país atrativa.

O ciclo de elevação, iniciado para combater a inflação, ainda não acabou, e o Banco Central projeta uma Selic terminal em 12,75% ao ano.

Tanto o real quanto o mercado de ações são beneficiados pela busca de investidores por grandes produtores de commodities, em meio à valorização desses produtos devido a um descompasso entre oferta e demanda com a pandemia e a guerra na Ucrânia.

Há, ainda, uma procura por mercados com grande participação de setores menos vulneráveis ao fenômeno global de inflação e juros altos, caso das commodities e bancos. São dois setores de peso na bolsa brasileira, cujos ativos também estão considerados descontados, atraindo investimentos.

Também beneficiando o mercado brasileiro, desde 2021 os investidores estrangeiros vêm se retirando de mercados asiáticos, e agora da Rússia devido às fortes sanções de países ocidentais. Nesse cenário, a economia do Brasil se torna bastante atrativa como alternativa.

Com peso menor, especialistas apontam ainda um alívio nas perspectivas quanto às eleições presidenciais de 2022, com temores menores quanto aos resultados e redução nas preocupações com um possível descontrole da política fiscal do governo brasileiro.

O início do ciclo de alta de juros nos Estados Unidos ainda não superou os benefícios desse fluxo, e para alguns especialistas até o ajuda inicialmente, com investidores saindo da renda variável norte-americana e procurando investimentos mais vantajosos. Conforme os juros no país sobem, esse cenário pode mudar.