A privatização dos Correios foi tema de audiência pública na Câmara de Taubaté dia 5, em que trabalhadores da instituição registraram o posicionamento contrário ao processo.
O debate foi promovido por iniciativa do vereador Douglas Carbonne (PCdoB), que deverá apresentar moção contra a privatização, considerando pesquisa Datafolha que registra rejeição de 54% da população brasileira ao processo.
Diretor da Federação Nacional dos Trabalhadores dos Correios, Heitor Fernandes lembrou que a ideia de privatizar a instituição vem desde o governo do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, entre 1994 e 2002, e que a luta dos trabalhadores foi que impediu o processo naquele momento. Durante o governo de Luiz Inácio Lula da Silva (de 2003 a 2010), houve inciativas que contribuíram com o processo de privatização.
Fernandes registrou que, desde 2011, não há concurso público para contratação de funcionários, o que tem precarizado o trabalho e refletido na qualidade do serviço, e que em 2015, foi criada a subsidiária CorreiosPar, que poderá facilitar a privatização.
Além disso, foram contratadas empresas internacionais “milionárias” de consultoria para tornar os Correios atrativos ao mercado. Ele pediu a aprovação de moções contra a privatização pela Câmara e anunciou greve a partir do dia 10.
Presidente do Sindicato dos Trabalhadores em Correios do Vale do Paraíba, Moisés da Silva contestou o argumento apresentado pelo Governo Federal de que os Correios são uma empresa deficitária, afirmando que o sucateamento da instituição é criado pelos governos dos últimos anos. Ressaltou que os Correios são a terceira instituição no ranking de confiança da população, perdendo para a família e para os bombeiros.
Diretor do Sindicato, Luiz Antônio citou pesquisa de 2012 que registrava que, se houvesse divisão dos lucros com os trabalhadores, cada um receberia o equivalente a um carro popular no ano. Sobre o combate à corrupção defendido pelo governo, afirmou que as empresas privadas estabelecem relações “escusas” com o setor público.
Representante do Instituto Ilaese, Israel Luz afirmou que a privatização dos Correios “é expressão de um processo mais amplo de desnacionalização da economia e das riquezas do país”. Apresentou números que mostram que a receita de 2009 a 2016 foi crescente e afirmou que, em 2015 e 2016, quando houve resultados deficitários, houve repasse de dividendos acima do exigido, de R$ 7 bilhões, quando deveria ser de R$ 800 milhões, dinheiro destinado ao pagamento da dívida pública.
Diretor de Imprensa do Sindicato, Carlos Alberto Alves pediu o apoio da população contra a venda dos Correios para empresas privadas.
Tribuna
Três munícipes usaram a tribuna para defender a privatização. O coordenador do MBL (Movimento Brasil Livre), Tales Meirelles, considerou que quem vai sair ganhando é o consumidor, citando que atualmente há problemas na prestação de serviços e são realizadas muitas greves. Afirmou que os países que privatizaram os serviços postais tiveram melhoria na eficiência.
O vídeo da audiência está disponível no canal da TV Câmara no Youtube, http://youtu.be/yzbyUxmiEus.