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sábado 30 novembro 2024
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Presidente minimiza situação e critica governadores

O governador Doria e os demais governadores dos estados do Sudeste reuniram-se na manhã de ontem, quarta-feira, dia 25, com o presidente Jair Bolsonaro. Por meio das redes sociais e durante entrevista coletiva realizada na tarde de ontem após a reunião, Doria comentou o pronunciamento feito pelo presidente na noite do dia 24, em que Bolsonaro pediu aos governadores a suspensão de medidas mais restritivas no combate ao coronavírus.
“Não é hora de separatismo, não é hora de rivalidades. É hora de todos estarmos juntos no combate a essa gravíssima crise. Posicionei ao presidente Jair Bolsonaro que eu havia ficado decepcionado com a intervenção feita por ele na noite de ontem, em rede nacional de televisão. Discordei do posicionamento do presidente, entendendo que, para os brasileiros de São Paulo, e represento 46 milhões de brasileiros, o conteúdo do que ele disse foi absolutamente equivocado e sem sintonia inclusive com as orientações do próprio Ministério da Saúde”, disse Doria.
“Não é uma gripezinha ou um resfriadinho. É um assunto sério, difícil e a maior crise de saúde pública da história do país”, acrescentou. “Não há nenhuma razão para o abrandamento do isolamento. Estamos seguindo protocolos internacionais”, informou.
Outro assunto abordado na reunião com o presidente, segundo Doria, foi a possibilidade de confisco de respiradores por parte do governo federal. “Havia surgido a notícia de que o Ministério da Saúde centralizaria e confiscaria dos fabricantes os respiradores, todos produzidos aqui em São Paulo, fora os importados. Mas em São Paulo não vamos permitir que isso aconteça. Se for necessário, entraremos no Supremo Tribunal Federal. De São Paulo não se confisca medicamentos nem equipamentos. Tenho certeza de que não ocorrerá, mas se ocorrer, vamos tomar as medidas”, disse o governador.
O pronunciamento de Bolsonaro também repercutiu pessimamente entre outras autoridades políticas e na sociedade civil.
Em entrevista coletiva no Palácio Guanabara após a videoconferência com o presidente Jair Bolsonaro, o governador do Rio de Janeiro, Wilson Witzel, defendeu o diálogo entre governadores e o governo federal. “Espero que o presidente continue mantendo o diálogo e dando abertura para que os governadores falem de forma respeitosa aquilo que entendemos ser pertinentes. No momento não há espaço para abertura do confinamento e muito menos de afrouxamento das medidas que tomamos.”, disse.
Na terça-feira, dia 23, após o pronunciamento de Bolsonaro, o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), e o vice-presidente da Casa, Antonio Anastasia (PSD-MG), divulgaram nota em que afirmam que o momento é de união. “Reafirmamos e insistimos: não é momento de ataque à imprensa e a outros gestores públicos. É momento de união, de serenidade e equilíbrio. A Nação espera do líder do Executivo, mais do que nunca, transparência, seriedade e responsabilidade.”
O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), considerou o pronunciamento “equivocado”. “O momento exige que o governo federal reconheça o esforço de todos – governadores, prefeitos e profissionais de saúde – e adote medidas objetivas de apoio emergencial para conter o vírus e aos empresários e empregados prejudicados pelo isolamento social.”
A Sociedade Brasileira de Infectologia afirmou nesta quarta-feira, em nota, que a fala do presidente pode dar a falsa impressão à população de que as medidas de contenção social são inadequadas. A entidade considera “temerário” afirmar que as mortes na Itália sejam relacionadas apenas ao clima frio do inverno europeu. “A pandemia é grave, pois até hoje já foram registrados mais de 420 mil casos confirmados no mundo e quase 19 mil óbitos, sendo 46 no Brasil.”