Leite e queijo mussarela devem ficar mais baratos em setembro, diz pesquisa; Preço do leite UHT registra queda acumulada de 17,3% e o da mussarela, de 10,8%, nas negociações entre produtores de laticínios e canais de distribuição
Quem vai às compras regularmente acompanhou a alta dos preços dos produtos lácteos nos últimos meses. A expectativa, agora, é de uma queda para o mês de setembro.
O preço do leite UHT registrou queda acumulada de 17,3% e o da mussarela, de 10,8%, da primeira quinzena de julho ao mesmo período em agosto, nas negociações entre produtores de laticínios e canais de distribuição. Essa é a maior queda acumulada nas últimas semanas.
Os dados, cedidos com exclusividade para a CNN Brasil, são do monitoramento do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea) em parceria com a Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB).
A pesquisadora do Cepea Natália Grigol explica que a queda se deve à redução no consumo, devido ao alto valor dos produtos nas prateleiras.
O movimento de alta nos preços de produção dos laticínios, visto mais intensamente na primeira quinzena de julho, vem enfraquecendo.
“Observamos mais de 20 dias de quedas consecutivas nos preços dos derivados lácteos negociados pela indústria com os canais de distribuição”, afirma Grigol.
As produtoras vêm enfrentando o pico da entressafra, período que tradicionalmente não tem condições climáticas favoráveis para a produção. Neste ano, o ciclo foi mais intenso. Entre os efeitos negativos para a safra estão as alterações do clima pelo fenômeno La Nina, que traz seca nas pastagens e atrapalha a alimentação animal — em contexto de altas nos insumos.
A pesquisadora ainda destaca um rastro de desinvestimento no setor que leva os produtores a saírem da atividade — uma mudança estrutural que restringiu ainda mais a produção brasileira. Esses e outros fatores elevaram os custos de produção. Consequentemente, levar um litro de leite para casa ficou mais caro.
No início de julho, o preço do leite para os produtores chegou a subir 21,6%, comparado aos seis meses anteriores, de acordo com o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea) da Universidade de São Paulo (USP). A alta foi movida principalmente pelo aumento no custo médio de produção que registrou alta de 60% desde 2020, devido ao período de entressafra que prejudica pastagens.
“O ânimo da indústria é de que os preços se estabilizem em agosto e, com a previsão de chuvas e queda nos preços dos grãos, a produção de leite seja retomada”, releva Natália Grigol. As cotações do milho registraram queda 0,44% de 5 de agosto a última sexta-feira (12) deste mês, segundo o indicador ESALQ/BM&FBovespa.
A especialista prevê que, em um mês, o consumidor possa perceber os produtos lácteos com preços mais baixos nos mercados.