Tempos atrás, no Dia da Poesia, estava pronto para fazer uma matéria sobre a dengue. No entanto, optei pela poesia, que é uma forma de expressar o amor em sua plenitude, expor literalmente nossas angústias e cultuar a natureza. Por nossa sorte, a poesia p pode ser um “link” para que possamos protestar.
O dia da poesia homenageamos Castro Alves o poeta da Abolição, mas resolvi transcrever uma poesia de um outro grande poeta, que é Carlos Drumond de Andrade. O título da poesia é “Satânico é o meu pensamento a teu respeito”, que finaliza em repúdio ao mosquito.
Parece hilário, mas estávamos em plena epidemia do aedes aegypti, o mosquito da dengue, com o registro de muitos casos de pessoas infectadas,. E, vale ressaltar que não se tratava apenas da periferia, até no centro da cidade as pessoas estavam sendo atacadas pelos insetos. Segue a poesia…
Satânico é meu pensamento a teu respeito, e ardente é o meu desejo de apertar-te em minha mão, numa sede de vingança incontestável pelo que me fizeste ontem. A noite era quente e calma, e eu estava em minha cama, quando, sorrateiramente, te aproximaste. Encostaste o teu corpo sem roupa no meu corpo nu, sem o mínimo pudor! Percebendo minha aparente indiferença, aconchegaste-te a mim e mordeste-me sem escrúpulos. Até nos mais íntimos lugares. Eu adormeci.
Hoje quando acordei, procurei-te numa ânsia ardente, mas em vão.
Deixaste em meu corpo e no lençol provas irrefutáveis do que entre nós ocorreu durante a noite.
Esta noite recolho-me mais cedo, para na mesma cama, te esperar.
Quando chegares, quero te agarrar com avidez e força.
Quero te apertar com todas as forças de minhas mãos. Só descansarei quando vir sair o sangue quente do seu corpo.
Só assim, livrar-me-ei de ti, pernilongo Filho da ****!!!!
Poesia em tempo de dengue
set 07, 2019Bruno FonsecaColuna do CrisanteComentários desativados em Poesia em tempo de dengueLike