Taxa de investimento do segundo trimestre de 2022 foi de 21,6%; resultado é o maior já registrado desde o início da série histórica, em 2000
O Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro registrou alta de 1,1% no segundo trimestre, de acordo com o Monitor do PIB, divulgado pelo Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas (FGV IBRE).
Em comparação com o mesmo período em 2021, a atividade econômica teve expansão de 3%, enquanto na variação mensal a alta foi de 2,7%. O resultado foi puxado principalmente pelo consumo das famílias, especificamente na área de serviços.
Segundo o economista da FGV IBRE, Claudio Considera, o setor de serviços teve aumento de 11,3% no segundo trimestre em comparação ao mesmo período no ano passado.
“Teatros, cinemas, hotéis, restaurantes estavam totalmente parados, então é possível ver claramente a influência desse setor. Mas a gente tem a inflação, que compromete boa parte do poder de compra quando você fala de bens duráveis, que geralmente são comprados à prestação e com uma taxa de juros que está alta”, apontou o economista.
Na avaliação de Considera, o crescimento poderia ser maior ou se manter por mais tempo se a inflação não estivesse tão alta. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o IPCA acumulado dos últimos 12 meses é de 10,07%.
Investimentos
A taxa de investimento do segundo trimestre também cresceu em 2022, com alta de 21,6% na série a valores correntes. O resultado é o maior já registrado desde o início da série histórica, em 2000.
Já a Formação Bruta de Capital Fixo apresentou crescimento de 4% no segundo tri, em comparação ao primeiro e de 1,3% em junho, frente a maio.
Na comparação interanual, houve crescimento de 0,3% no segundo trimestre. O componente de máquinas e equipamentos foi o único a apresentar queda nesta comparação (-3,7%), porém a uma taxa menor do que as quedas observadas nos meses anteriores.
Exportações em queda
Outro setor que impacta o PIB é a exportação, que apresentou retração de 2,4% no segundo trimestre deste ano em relação ao primeiro. Na comparação interanual, a alta é de 4,6% no mesmo período. Este já é o segundo mês consecutivo em que há quedas na exportação de produtos agropecuários e de extrativa mineral.
“A gente tem um cenário mundial com a Guerra da Ucrânia. E, com isso, os países acabam segurando um pouco a importação. E também tem a Argentina, que é um grande parceiro comercial nosso, especialmente nos automóveis, mas está em crise”, destaca o economista da FGV IBRE.
Em termos monetários, estima-se que o acumulado do PIB no primeiro semestre de 2022, em valores correntes, foi de R$ 4,5 trilhões. A quantia foi considerada razoável para o período, segundo o economista Cláudio Considera, porque o PIB costuma encerrar o ano perto de R$ 8 trilhões.
“A economia deve crescer este ano algo em torno de 1,5 a 2%, graças ao consumo das famílias. Embora o investimento venha crescendo, ele se constitui principalmente de construção e não de máquinas. As perspectivas para 2023 e 2024 não são otimistas”, pontuou o economista.