Domingo, seis da manhã e sol! Tomo um café, pego a tralha, iscas e saio em direção ao pesqueiro e quando chego, vou para o meu local preferido. O lago é grande e o que é melhor, tem vários tipos de peixe e é assim que gosto. Quando pega, não sabe o que é que está vindo.
Iscas diferentes em diversas varas e que venham os peixes. Hoje é o dia! Arremesso a primeira, a segunda, terceira, todas as varas. Todas bem presas, sento na cadeira e observo a tranquilidade do local e o voo suave das garças, o bicho é engraçadinho com aquelas perninhas fininhas.
A água parada e as varas também e quarenta minutos depois, resolvo conferir se as iscas estão ok. Olho todas e sento de novo. Dez horas e o sol está forte, peço um lanche e um refri. Me preparo para comer e a ponta de uma das varas abaixa violentamente e corro para ela, sinto a força do peixe, é um dos grandes! Quando vou começar a puxar, a linha estoura! Recolho o restante da linha e preparo tudo novamente. Trinta minutos nesta operação e arremesso. Outra vara já está com a linha frouxa e o peixe se mandou. Solto a vara, que acabei de arremessar, na grama mesmo e vou retirar a linha da outra, colocar isca e arremessar de novo. Voltei a me sentar e vi aquela solta na grama.
Fico olhando para ela, suspiro e levanto tarde demais! Um puxão incrível na linha e o peixe levou a vara para dentro da água. Desesperado e olhando a danada boiando, afundando, boiando, afundando, recolhi outra vara e, com ela, fiquei arremessando durante meia hora para recuperar a fujona. Já estava cansado e irritado. De repente, ela ficou imóvel no meio do lago. Peguei a fujona e estava sem o peixe! Senti fome, quase meio dia. Coloquei isca nas duas varas, arremessei novamente e me certifiquei que ambas estavam bem presas. Pensei em verificar as iscas das outras, mas desisti, estava cansado e com fome. Olhei para o meu lanche e o que vi, me deixou com vontade de chorar.
Estava tomado de formigas pretas, enormes e nojentas. Com raiva, joguei o lanche, com dezenas de formigas, dentro da água e foi uma festa para os peixes. Sentei e fui tomar o refrigerante. Estava quente. Outra vara abaixou, mais peixe na linha. Depois de quase cinco minutos de briga, o filho da mãe levou a linha para o enrosco e não houve o que tirasse de lá, resolvi cortar a linha. Frustração completa e chutei a vara para o lado e me recusei a prepara-la de novo. Pedi um novo lanche. Eram duas horas da tarde. Sentei na cadeira, com fome e irritado. Fiquei olhando o gracioso voo das gaivotas, mas que elas andavam esquisito, ah, isso andavam. Uma delas chegou muito próxima de mim. Uma vara abaixou e parou. Droga! Agora está sem isca. Resolvi verificar as iscas de todas as varas. Três horas da tarde chegou meu lanche. Dei a primeira mordida e comi com prazer. Mais uma das varas se mexeu e fui até ela com o refrigerante na mão. A vara se mexeu de novo e tentei segurar. A lata de refrigerante caiu e rolou para dentro da água, e o que é pior? Não havia peixe! Ás cinco horas da tarde, cansado e irritadíssimo, não tinha pescado um peixe sequer. Mas, questão de honra, ia levar pelo menos um para casa ou nunca mais pescava na minha vida. A única coisa que estava valendo a pena eram as gaivotas que chegavam muito perto. Eita bichinho engraçado!
O céu começou a escurecer, pode chover que só vou embora depois de pegar um peixe. As gaivotas me observavam. Acho que estou gostando da companhia dos bichinhos pernudos.
A chuva caiu e logo estava encharcado. Já pensava em ir embora, quando um leve tremor em uma das varas e dei o puxão com força. Abri um sorriso feliz. Consegui trazer o danado até a margem e tirei meu prêmio da água. Pequeno, mas estava bom. Tirei do anzol, deixei na grama mesmo e, satisfeito, comecei a arrumar as tralhas. Depois de tudo arrumado, me abaixei para pegar meu lixo, juntei tudo e levei até a lixeira. Quando me virei, olhei para meu peixe e fiquei horrorizado. Demorei para reagir e não deu tempo. Uma maldita gaivota o pegou e saiu voando com ele no bico. A desgraçada mal conseguia voar e levou meu troféu embora. Sentei na grama, frustrado, cansado, encharcado e sem meu peixe. Nunca mais quero pescar.
Me levantei, peguei a tralha e fui embora pensando que o próximo domingo chegaria logo