• Gerson Sestini- Rio de Janeiro/RJ
O jovem mal-intencionado mantinha o pássaro preso em suas mãos, para testar o sábio. Aproximando-se dele pergunta-lhe se aquele ser estava morto ou vivo. O santo homem nota a trama: conforme a resposta que desse ao rapaz, ele esmagaria a ave fazendo-a cair morta aos seus pés ou soltá-la-ia para que voasse. Vasculhando aquela maldosa alma determinada a desacreditá-lo, responde condoído: “Meu bom jovem, o destino deste pássaro está em suas mãos…”
Esta lenda é de autor desconhecido e anda circulando pela mídia. Ao tomarmos conhecimento dela logo nos veio à mente os insultos que os missionários, entre eles Chico Xavier, sofreram pela maldade humana. Muitas vezes viram-se obrigados a dar respostas inteligentes e reveladoras, principalmente a repórteres que queriam vê-los cair em contradição ou simplesmente desmoralizá-los.
Certa moça, tomada de profunda descrença pelo médium mineiro, fora conhecê-lo.
Assim que o vê, toma-o como a um pervertido homossexual. A certa distância, Chico sintoniza-se com o seu pensamento inferior. Compadecido pela falsa interpretação que dava à sua pessoa, assim que a tem perto de si, um tanto consternado fala-lhe ao pé do ouvido: “Minha filha, eu nunca tive relação sexual com homem ou com mulher”.
Ela empalidece e o chão se lhe falta aos pés ao ver desnudado seu maldoso e precipitado julgamento. Repórter que era, confessa em seu comentário pelo jornal que a resposta dada ao seu pensamento a esmagara. Todo seu materialismo viera à tona e desabara sobre sua amarga personalidade…. Sim, ela sentira-se tão amarga que não tivera palavras para retratar-se. O que pensara ser uma grande farsa então era verdade? O tão amado e reverenciado homem existia realmente? Se sua ida a Uberaba frustrara-se por um lado, pelo lado reverso, envolvida que fora em processo revelador desnudara-se a si própria vendo-se tal qual era, e propôs-se a procurar novos caminhos para melhorar-se.
Misto de sombra e luz como quase todos somos, devemos cuidar de nossa inferioridade moral o quanto pudermos, impedindo-a de manifestar-se em atos e palavras, começando pelo pensamento julgador que nos assola à consciência. É do próprio Chico esta frase lapidar: “Eu nem sempre posso falar aquilo que penso, mas o que não posso falar é exatamente aquilo que eu não devo dizer”. A jovem repórter não falaria diretamente ao Chico o que pensava sobre ele, porém, poderia externar seu julgamento em público. A Espiritualidade, no intuito de preservar o médium e sua missão deu-lhe a bela oportunidade de retratar-se em público, ajudando-a a dominar suas ‘más inclinações’, como aconselhava Kardec, para tornar-se uma pessoa melhor.
Retirando algumas palavras do Chico em pronunciamento público temos este outro exemplo. Depois de ter recebido o título de cidadão paulistano, o médium foi procurado por uma comissão de conterrâneos para dizer-lhe que aquela homenagem era prova do envaidecimento por parte dele. Não lhe bastaram os dois ‘pinga-fogos’ de dois anos atrás, expondo-se no programa histórico da maior audiência do país? Insistiam com ele que o orgulho e a vaidade de vidas passadas haviam reaparecido e cresciam, a ponto de comprometer a Doutrina e tisnar a tarefa de Emmanuel. Chico defende-se e tenta tranquilizá-los afirmando que não iria cair porque Deus e Emmanuel o amparariam. Eles insistem nas acusações de que sua personalidade estava dilapidada por aquelas falhas morais. Diante da resistência do médium acabam por perguntar: Por que você não vai cair, Chico? Ao que ele responde: Eu não posso cair, porque nunca me levantei!
Perante a maldade humana
nov 14, 2018Bruno FonsecaColuna Espírita (Agê)Comentários desativados em Perante a maldade humanaLike