• Márcio Martins da Silva Costa – Agenda Espírita Brasil
Aos oito anos juntou as mãozinhas inseguras e frágeis, pedindo a Deus que ganhasse o brinquedo radical que viu na televisão. Não ganhou.
Aos treze pediu para o pai para fazer aula de lutas na escola. Ele não deixou.
Aos dezessete se apaixonou por uma menina e pediu a Deus com todas as forças que ela gostasse dele. Ficou sozinho.
Diante do vestibular, pediu novamente a Deus que o atendesse. Queria ser militar…. Uma autoridade. Não serviu por problemas de ordem física, nem passou nos concursos. Foi fazer Direito.
Insistindo na ideia do poder, pediu a Deus para ser juiz, pois queria determinar a sorte dos irmãos. Mas nem passou na prova que lhe permitiria exercer a profissão.
Casou-se aos vinte e sete com uma professora simples, porém feliz e dedicada à família. Teve três filhos.
Aos quarenta, morando de aluguel, pediu a Deus que lhe desse uma casa para sua família. Mas se acomodava no emprego, deixando o esforço da manutenção do lar com a cônjuge.
Já em idade avançada, desistiu de pedir a Deus. Ao seu entendimento, nunca fora favorecido em nada pelo Pai Maior. Por certo, acreditava que toda a fé que levava durante anos não passava de legados banais deixados pelos seus pais.
Desencarnou desiludido, sem deixar lembranças no coração dos filhos.
* * *
Mudando a perspectiva de vista, passando a ver o relato por meio de um possível planejamento reencarnatório, poderíamos observar:
– a aquisição de um brinquedo radical na infância aliada às suas fragilidades físicas, poderia lhe render um acidente grave, capaz de comprometer algumas metas traçadas;
– novamente a fragilidade material mascarada pelo orgulho poderia ser posta à prova se fizesse aulas de lutas;
– a menina que desejava não passava de uma paixão juvenil. Perderia, assim, a oportunidade de encontrar a verdadeira esposa com a qual se comprometeu antes do berço;
– profissionalmente, precisava ficar longe do poder, o qual lhe rendeu grandes débitos abusando da autoridade que lhe fora concedida em outras encarnações;
– as limitações físicas e intelectuais foram pedidas pelo próprio para que nesta encarnação alcançasse seus méritos com o suor do trabalho. Mas preferiu ficar à sombra do trabalho da companheira do lar, esposa dedicada de outras vidas;
– tendo somente olhos para as questões materiais e ferido pelos insucessos na vida achou mais fácil culpar a Deus ao invés de perceber o orgulho e os próprios erros.
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A crônica simples tem por fim nos fazer refletir sobre a questão dos pedidos em prece.
A prece é um ato de adoração a Deus. É pensar e aproximar-se Dele. Por meio dela podemos louvar, pedir e agradecer ao Pai (KARDEC, 2013, no 659). Mas na maioria das vezes nos deixamos levar somente pelo pedido, sem perceber da imaturidade com a qual o realizamos.
Sendo grande maioria de nós espíritos ainda imperfeitos em fase de evolução, nossos pedidos diante de Deus muitas vezes se assemelham a solicitações pueris, que vão de encontro à educação necessária ao nosso espírito, planejadas por nós mesmos antes do ventre.
Olhando para frente, nossos pedidos podem também, se atendidos, tornarem-se a fonte de grandes débitos para as nossas vidas futuras. A exemplo, pedir a riqueza e fazer mau uso dela.
Logo, podemos até fazer nossos pedidos em prece, mas procuremos antes ser resignados, louvar e agradecer a Deus pela oportunidade que temos de termos ingressado na escola da vida.
A melhor forma de pedir sempre será por meio do exercício no trabalho da caridade e do amor. Em favor destes, sempre teremos a sensação de estarmos sendo atendidos.
Referências Bibliográficas: KARDEC, A. O Livro dos Espíritos. 93a ed. Brasília (DF): Federação Espírita Brasileira, 2013.
Pedidos em Prece
nov 07, 2018Bruno FonsecaColuna Espírita (Agê)Comentários desativados em Pedidos em PreceLike
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