• Astolfo O. de Oliveira Filho – Revista Virtual O Consolador
Por que no meio espírita há quem defenda, em vez da simples imposição de mãos, a movimentação delas para a ministração do passe?
É fácil de compreender por que ocorre divergência de opiniões em tal assunto. Há pessoas que esquecem que o passe ministrado por nós encarnados pertence, segundo terminologia adotada por Kardec, à chamada ação magnética mista, semiespiritual ou humano-espiritual (A Gênese, cap. XIV, item 33), na qual, combinado com o fluido humano, o fluido espiritual lhe imprime qualidades de que ele carece. Nessas circunstâncias, o concurso dos Espíritos é amiúde espontâneo, porém, as mais das vezes, provocado por um apelo do magnetizador, que em nosso meio ficou popularizado com o nome de médium passista.
Ora, aprendemos em O Livro dos Médiuns, cap. 14, item 176, que é esse Espírito quem, associando suas forças fluídicas às forças do médium, dirige o fluido que vai ser derramado sobre o paciente, competindo ao médium passista tão-somente projetar suas forças fluídicas sobre o cérebro do paciente, onde se localiza o centro coronário, que exerce papel fundamental sobre os demais centros ou chacras. Diferentemente é a ação magnética realizada pelos Espíritos, sem intermediário, diretamente sobre os enfermos, a que Kardec chama de magnetismo espiritual (A Gênese, cap. XIV, item 33). A movimentação das mãos por parte deles é justificável, porque eles, vendo o problema específico do paciente, inclusive seus órgãos internos, podem direcionar sobre essas partes o fluido movimentado.
Muitos espíritas que estão encarnados se iniciaram no Espiritismo quando era ainda muito forte a orientação de Edgard Armond a respeito dos passes padronizados. Na própria estrutura do COEM – Centro de Orientação e Educação Mediúnica, obra criada por dois médicos, Alexandre Sech e Célio Trujilo Costa, e um notável professor, Ney de Meira Albach, a primeira versão dos estudos sobre o passe era no sentido dos passes padronizados, algo que mudou por completo quando Herculano Pires tratou do assunto e produziu um livro, pequeno no tamanho, mas enorme no conteúdo, intitulado “Obsessão, o passe, a doutrinação”.
Há espíritas, e certamente isso deve ocorrer com alguns médiuns, que sentem uma influenciação mais forte do Espírito amigo que os auxilia no passe e, movidos por essa influenciação, movimentam o braço seguindo uma intuição especial, que poucas pessoas sentem. Daí advém a orientação pela simples imposição de mãos visto que, não sabendo qual o problema específico do enfermo, não há razão nenhuma para movimentarmos a esmo nossas mãos.
Concluindo, sem nos importarmos com quem defenda pensamento contrário, somos inteiramente a favor do que Herculano Pires expõe na obra referida, porque foi ele, até o momento, quem melhor explicitou a mecânica do passe em nosso meio. “O passe espírita – ensina Herculano – é simplesmente a imposição das mãos, usada e ensinada por Jesus, como se vê nos Evangelhos.”
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Quando encontro alguém que não está bem, procuro mentalizar e orar por alguns momentos na tentativa de mandar fluidos melhores a essa pessoa. Isso é um tipo de passe? Posso fazê-lo sem receio?
Sim, trata-se de uma forma de passe, o chamado passe a distância, que é bastante utilizado pelos espíritas, muito embora José Herculano Pires tenha advertido, em seu livro “Obsessão, o passe, a doutrinação”, que não devemos, no tocante aos efeitos do passe, desprezar o efeito psicológico da presença do enfermo no ambiente da Casa espírita. O receio de se influenciar não se justifica. Lembra Roque Jacintho (Passe e passista, cap. 19) que a influenciação negativa que disso poderia advir só ocorre quando se estabelece sintonia com a zona inferior, por parte do passista. Se este se encontra equilibrado, não há por que temê-la.
Passe
dez 19, 2018Bruno FonsecaColuna Espírita (Agê)Comentários desativados em PasseLike
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