Autoridades tentam conter o avanço da pandemia antes do início do inverno, período favorável para a transmissão da doença
A Europa enfrenta um aumento no número de casos de Covid-19, e autoridades tentam controlar a situação antes do início do inverno, período favorável para a transmissão do vírus.
As campanhas de vacinação têm ajudado os países europeus na batalha contra a doença, mas muitas pessoas ainda se recusam a receber os imunizantes e foram registradas diversas manifestações, algumas delas violentas, contra a obrigatoriedade da vacina ou do passaporte sanitário.
A região enfrenta uma crise econômica desencadeada pela circulação do novo coronavírus e ainda tenta se reerguer com a retomada das atividades. Existe um temor de que seja necessário retomar medidas extremas como a quarentena ou o lockdown.
Reino Unido
Na semana passada, o Reino Unido registrou mais de 50 mil novos casos de Covid-19 pela primeira vez desde meados de julho. Entretanto, o ministro da Economia, Rishi Sunak, descartou a possibilidade de um novo confinamento.
Em entrevista publicada no último sábado, 23, no jornal The Times, ele insistiu que não pode haver volta às “restrições econômicas significativas”, embora especialistas observem que o sistema de saúde do país pode enfrentar sobrecarga neste inverno.
Em meio ao aumento de infecções, cientistas pedem o retorno de algumas restrições, como o uso obrigatório de máscara em transportes públicos, lojas e outros locais fechados.
Um contundente relatório do Parlamento publicado neste mês acusa o governo de Boris Johnson e seus assessores científicos de “erros graves” e atrasos na gestão inicial da pandemia, denunciando “um dos maiores fracassos da saúde pública” do país.
França
A França também está passando por um aumento nos casos da doença nas últimas semanas. Entretanto, na semana passada, o ministro da Saúde do país afirmou que a alta não trouxe impactos para o sistema.
Os últimos números divulgados pelas autoridades mostram que houve um aumento de 2 mil casos da doença nas primeiras semanas de outubro, de 4 mil para 6 mil infecções.
A pandemia causou mais de 7 milhões de infecções e mais de 117 mil mortes na França, de acordo com os últimos dados oficiais.
Itália
A Itália também registrou um leve crescimento de infecções nos últimos dias, com 34 casos por 100 mil habitantes, de acordo com o Instituto Superior Italiano de Saúde (ISS). O diretor do órgão, Silvio Brusaferro, esclareceu, entretanto, que o país permanece “em uma situação de controle”.
No início do mês, a Itália sofreu com manifestações violentas contra o uso do certificado sanitário da Covid-19. Os protestos deixaram pelo menos 12 presos e 38 policiais feridos.
Após os acontecimentos, políticos, intelectuais e sindicalistas exigiram a dissolução dos movimentos neofascistas que protagonizaram os atos violentos, em especial o ataque à sede do sindicato da CGIL (Confederação Italiana do Trabalho).
Além disso, durante a manifestação, houve um ataque ao centro de emergência de um hospital público e a polícia teve que usar gás lacrimogêneo para dispersar radicais posicionados em frente ao gabinete do primeiro-ministro, Mario Draghi.
A Itália foi um dos países que mais sofreram no início da pandemia. De acordo com a Organização Mundial da Saúde, ela registrou 4.737.462 casos da doença e 131.802 mortes. Dados oficiais mostram que 44.377.699 de pessoas receberam as duas doses da vacina, o equivalente a 82,17% da população acima de 12 anos.
Portugal
Portugal registrou na última sexta-feira, 22, 930 novos casos de Covid, o maior aumento diário desde 19 de setembro último.
De acordo com o relatório divulgado pela Direção Geral da Saúde (DGS), a taxa de incidência por 100 mil habitantes também aumentou: subiu de 1,7 para 86,1 pontos. Neste mês, o país registrou casos da cepa Delta (AY.4.2).
O governo começou a vacinar com a terceira dose as pessoas com mais de 65 anos. Até o último domingo, 123 mil idosos já haviam recebido a dose extra. Desde o início da pandemia, o país registra 18.133 óbitos e 1.085.138 casos da doença.
Holanda
O governo holandês anunciou nesta segunda-feira, 25, que estuda a introdução de restrições adicionais devido ao rápido aumento das infecções para mais de 6,3 mil por dia.
O ministro interino da Saúde, Hugo de Jonge, ressaltou a “preocupação” do Executivo e disse que tem de enfrentar o fato de que “os números estão aumentando cada vez mais rápido e mais cedo do que o esperado”.
Algumas das medidas em análise são a reintrodução da obrigação do uso de máscara – agora apenas em vigor no transporte público –, o reforço dos controles do “passe Covid”, os confinamentos locais e a administração de uma dose de reforço.
Neste momento, apenas uma terceira dose da Pfizer ou da Moderna está sendo oferecida a pessoas com o sistema imunológico muito enfraquecido.
De acordo com os últimos números, publicados ontem, pela primeira vez desde 25 de julho foram registrados 6.350 casos em 24 horas, o que representa cerca de 1.350 a mais do que a média da semana passada, com incidência atual de 36,3 infecções por 100 mil habitantes. No país, 83,5% da população adulta já recebeu as duas doses da vacina.
Polônia
O ministro da Saúde polonês, Adam Niedzielski, disse nesta segunda-feira, 25, que em breve será decidido se serão impostas novas medidas contra a Covid-19 em face do aumento de novas infecções, que em algumas regiões já são o dobro das registradas na semana passada.
Niedzielski expressou sua confiança de que “um novo confinamento, o que a Polônia não poderia permitir”, não é necessário e que as escolas podem permanecer abertas,
Avisou, no entanto, que pode ser necessário transferir os pacientes com Covid-19 novamente das províncias mais afetadas para outras com menor ocupação hospitalar.
O aumento médio de novos casos é de 40% em toda a Polônia em comparação com a semana passada, embora em algumas regiões do leste do país esse número tenha duplicado.
Niedzielski anunciou ainda que, se a barreira de 7 mil novas infecções por dia for ultrapassada, ele aconselhará o governo “a tomar medidas mais restritivas”. A partir de 2 de novembro está previsto o fornecimento de uma terceira dose da vacina da Pfizer.
Com aproximadamente 60% da população totalmente vacinada, a Polônia registrou um total de cerca de 3 milhões de casos de Covid-19 e mais de 76 mil mortes.
Rússia
A Rússia registrou 37.930 casos de Covid-19 nesta segunda-feira, 25, um novo recorde diário em uma recente sequência de novas altas de infecções pela doença.
Desde o início da pandemia, 231.669 pessoas morreram devido à doença no país. Os dados oficiais são subestimados, e a agência de estatísticas russa Rosstat estima que o número de óbitos ultrapasse os 400 mil.
Desde junho, a região enfrenta uma nova onda da epidemia, causada pelo aparecimento de variantes mais agressivas, pelo baixo número de pessoas que usam máscara e pela lenta campanha de vacinação.
Apenas um terço da população foi imunizado desde o aparecimento da primeira vacina nacional, a Sputnik V, em dezembro de 2020.
Na última quarta-feira, 20, o presidente Vladimir Putin decretou uma semana de férias pagas, de 30 de outubro a 7 de novembro, para tentar conter o número de casos.