Ao contrário do que muitas pessoas pensam, pai não é somente quem nos gerou. A figura paterna pode ser representada pelo tio ou avô que nos criou, e até mesmo pelo padrasto.
Somos do tempo em que não são raros os casos de casais que se apaixonam, têm filhos e terminam o relacionamento, alegando que o amor entre os dois chegou ao fim e que é melhor cada um seguir a sua vida. E, ao encerrar essa “sociedade”, pais e mães nem sempre avaliam as consequências da separação para seus filhos antes de começarem uma nova relação.
Surge assim, a “paternidade afetiva”: o novo parceiro da mãe, que geralmente fica com a criança, acaba por se tornar um verdadeiro pai no dia a dia desse novo núcleo familiar. O mesmo pode ocorrer com o pai separado, que acaba assumindo outro relacionamento também com filhos ou filhas.
O caminho mais comum e natural, porém, é que o avô passe a ser a figura paterna na vida de muitas crianças, assumindo em muitos casos até responsabilidades financeiras, tarefas de levar e buscar na escola, além dos compromissos de lazer e passeios.
Para a criança o avô/pai é uma referência de estabilidade e segurança, aquele “porto seguro” nos momentos difíceis, de turbulência, em seu novo modo de vida. Para o avô, que assume a “paternidade afetiva”, é uma experiência de vida muito gratificante porque, além da sensação de estar proporcionando o melhor para seus netos, a recompensa é certa. Todo o carinho, atenção e cuidados dispensados retornam em pequenos gestos de amor puro e sincero daquela frágil criança. Tudo isso renova suas forças e inspira iniciativas empreendedoras, para garantir que essa nova etapa da paternidade possa ser cumprida com a mesma dignidade da primeira.
A experiência comprova que os avós que recebem essa nova incumbência são mais felizes e realizados, porque acabam ganhando uma nova chance de educar, de maneira menos repressiva, sem repetir eventuais erros que tenham cometido na educação de seus próprios filhos. São mais tolerantes e compreensivos, mesmo quando têm que repreender ou corrigir algum comportamento errôneo da criança.
Essa cumplicidade maior entre os avós e seus netos muitas vezes é mal compreendida e interpretada como uma proteção danosa à boa educação. Porém, se for impregnada de amor, paz, justiça e verdade, certamente será benéfica, porque oferecerá um espaço para o crescimento e amadurecimento da criança, amenizando e até curando possíveis traumas decorrentes da separação dos pais. Mais do que presença física, toda criança quer e precisa da “paternidade afetiva”, presença amorosa e protetora que comunica o amor de Deus, o Pai das Misericórdias.
Nesse dia dos pais, queremos abraçar com profunda gratidão, a todos aqueles que, por laços biológicos ou afetivos, assumem plenamente a paternidade!
*José Expedito da Silva é jornalista e apresentador do Jornal Café da Manhã, pela Rádio Canção Nova.