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quinta-feira 28 novembro 2024
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Paciência, a benfeitora infalível

• Gerson Sestini – Rio de Janeiro / RJ
Os espíritos estão constantemente a nos lembrar da necessidade de desenvolvermos a paciência para aplicá-la em todas as circunstâncias de nossa vida, mormente naqueles em que ela se torna crucial para manter a programação da atual encarnação. Emmanuel refere-se aos ‘inúmeros irmãos de caminhada que se arrojaram à delinquência, ao suicídio, à loucura e à morte, por falta de alguns minutos no convívio dela, a benfeitora infalível, em cujo clima de entendimento Deus nos garante o dom de compreender e esperar.’ (*)
O estado de ‘perseverança tranquila’ de que nos falam os dicionários dá-nos uma ideia parcial da paciência, pois que, diante de situações adversas e aflitivas ela nos pede a indispensável manutenção do equilíbrio emocional para poder reagir com serenidade. Este autocontrole, ao se suportar situações desagradáveis sem perder a calma e a concentração, é fruto de disciplina calcada na força de vontade capaz de modificar os mais íntimos traços de nosso caráter.
Temos toda uma vida para desenvolvê-la, mas para que possamos obtê-la em seu mais alto grau precisaremos de muito empenho e determinação, da mesma forma que para se transformar as pedras brutas em preciosas é necessário o delicado trabalho do lapidador para burilá-las, a fim de que possam refletir suas luzes e cores.
Ouve-se muito falar na paciência de Jó. No entanto, a benfeitora infalível, como a chama o espírito Emmanuel, ao contrário do que é divulgado, aparece nos textos da história bíblica de Jó transmudada em perseverança, pois na maioria dos capítulos de sua saga ele questionava Jeová sobre as provações que lhe eram impostas, implorando justamente a paciência ao seu Senhor, porque não a possuía. No entanto, por total submissão à Sua vontade, suportou e venceu a todos os martírios impostos a ele, acabando por merecer o prêmio de receber de volta seus bens materiais, seus rebanhos e ter substituída sua família por uma nova esposa e filhos. Por que então associarmos Jó à paciência? Apenas por haverem relacionado perseverança com paciência como se fossem palavras sinônimas, pois, pessoas verdadeiramente pacientes são aquelas que, em meio a provas, descontentamentos e dores, físicas ou morais, possuem uma disciplina de espera capaz de lhes dar resistência diante de situações que podem se prolongar por toda uma vida. Paciência tem a ver com resistência, resignação ativa e não propriamente com inatividade ou passividade. Chico Xavier declarava aos amigos: “Não me considero um homem de paciência, mas, se acaso não tivesse aprendido com os Bons Espíritos algo de valor dessa virtude, eu teria criado mais embaraços para a minha própria vida.” (**)
Diante do agravamento da crise moral porque passa a humanidade, e em especial, nosso país, torna-se de suma importância cultivar e ampliar esta virtude para nos mantermos em equilíbrio, tanto em nossas atividades, em nossos relacionamentos, como com nós mesmos. Não nos esqueçamos de que Jesus espera, pacientemente, para que nos renovemos a fim de transformar este planeta em mundo de regeneração.
(*) Alma e Coração, pelo espírito de Emmanuel, médium F. C. Xavier Texto: Serás Paciente – Ed. Pensamento 1976.
(**) O Evangelho de Chico Xavier, Carlos Bacelli, item 8. (Ed. Didier 2002)