Detentos tiveram a oportunidade de apreciar apresentações artísticas e participar de oficinas profissionalizantes em atividades diárias
“Tudo o que eu sei fazer, aprendi aqui”, relata Adenilson, reeducando de 37 anos da Penitenciária I “AEVP Jair Guimarães de Lima” (P1) de Potim. O detento participa, há dois anos, de atividades com trabalhos manuais e apresentou suas obras na 1ª Semana de Cultura e Artes. O evento, que aconteceu entre os dias 16 e 20 de abril, teve o objetivo de garantir o acesso cultural aos sentenciados da unidade. Ao todo, 732 presos participaram de 25 oficinas profissionalizantes da esfera artística.
O quadro feito por Adenilson era uma homenagem ao Dia da Mulher e foi produzido com lã, cola, papelão e cartolina em duas semanas – apenas com a mão esquerda, a direita ele perdeu em um acidente quando era adolescente.
“No molde original, a senhora do desenho segurava um cigarro, achei melhor substituir por uma flor”, explica o detento com humor. “É o que me ajuda a distrair, eu faço de coração”, completa.
Na cerimônia de abertura, marcada pela apresentação da orquestra infantil da Corporação Musical Euterpe de Pindamonhangaba, os presos foram tomados pela emoção. As crianças performaram o Hino Nacional e o Hino da Secretaria da Administração Penitenciária (SAP) e outras músicas em instrumentos de cordas (violino, viola, violoncelo e baixo). “Foi algo muito especial. A música penetra o nosso corpo e é como se entrássemos num momento de meditação”, afirmou Wagner, detento de 35 anos.
Durante a semana, foram oferecidas atividades como artesanato, teatro, música, skate e grafite além de debates sociais, saraus de poesia, aulas de ioga e de culinária e apresentações musicais. O reeducando Thiago, de 28 anos, aproveitou a oportunidade para aprender a fazer crochê. “Gosto de admirar o trabalho dos outros, mas quero saber fazer algo também”, afirma.
No dia 20, sexta-feira, o encerramento ficou por conta do músico Gustavo Lessa, que tocou canções de samba para um público formado por 100 detentos.
Para a diretora do Centro de Reintegração e Atendimento à Saúde (CRAS) do estabelecimento penal, Karina Prates, o resultado da articulação entre as atividades foi enriquecedor para os reclusos. “Percebi que eles pontuavam questões de marketing enquanto preparavam bolos e biscoitos, imaginando o seu próprio negócio. Era uma energia de criatividade incomum no ambiente prisional”, avalia a diretora. “Ficou evidente o aspecto de reintegração social que a arte promove”, completa.