O filme de guerra 1917 era o grande favorito para vencer o Oscar na categoria de Melhor Filme na cerimônia de 2020.
Mas o sul-coreano Parasita, um comédia com tom macabro e crítica social, foi o grande vencedor e se tornou a primeira produção em língua estrangeira a ganhar na categoria nas 92 edições do Oscar.
O sucesso não surgiu do nada. O filme já havia ganhado uma série de reconhecimentos importantes. Ainda assim, surpreendeu de críticos de cinema a apostadores. E a vitória foi avassaladora. O filme levou estatuetas nas categorias de Melhor Diretor, Melhor Roteiro Original e Melhor Filme Estrangeiro.
A história da premiação é, no entanto, marcada por surpresas.
‘Moonlight: Sob a Luz do Luar’ ganha após ‘ser derrotado’ (2017)
Já foi surpreendente que Moonlight: Sob a Luz do Luar venceu o favorito La La Land – Cantando Estações.
O filme havia sido lançado por uma produtora independente (A24) e contado com um diminuto orçamento, de US$ 1,5 milhão.
O orçamento de La La Land – Cantando Estações havia sido 200 vezes maior: US$ 30 milhões. O filme vinha arrebatando corações propensos a doses de romance açucarado e uma série de premiações antes do Oscar.
E o inesperado sucesso de Moonlight: Sob a Luz do Luar ganhou tons dramáticos com uma das maiores gafes da história do cinema.
Uma troca na distribuição dos envelopes com o nome dos vencedores fez com que La La Land – Cantando Estações fosse erroneamente anunciado como vencedor. A correção do erro ao vivo diante do mundo foi desastrada e constrangedora.
Anna Paquin, a vencedora precoce (1994)
Não que a Academia não considere a qualidade de atuação dos muito jovens. Justin Henry foi indicado a Melhor Ator por Kramer vs Kramer em 1980, quando tinha apenas 8 anos.
Mas levar a estatueta é outra história.
E por isso poucos esperavam que Anna Paquin ganhasse o prêmio em 1994 quando foi indicada na categoria de Melhor Atriz Coadjuvante pela atuação em O Piano.
Ela competia com gigantes — Emma Thompson, Wynona Ryder e Holly Hunter também haviam sido indicadas.
Mas a noite era da menina de 11 anos que se tornou a segunda mais jovem a receber um Oscar, atrás apenas de Tatum O’Neil, que tinha 10 anos quando ganhou na mesma categoria pela atuação em Lua de Papel (1973).
O susto de Paquin, quando seu nome é anunciado, e os segundos que se passam antes que ela consiga dizer qualquer coisa, com a estatueta na mão e o microfone à sua frente, é uma das memórias incríveis da história da premiação.
‘Noivo Neurótico, Noiva Nervosa’ vence ‘Guerra nas Estrelas’ (1978)
Noivo Neurótico, Noiva Nervosa, de Woody Allen, concorria em 1978 com nada menos que Guerra nas Estrelas (mais tarde relançado como Star Wars: Episódio IV – Uma Nova Esperança), um filme que, entre seus créditos, está ter influenciado para sempre a cultura pop.
O Oscar para Melhor Filme, no entanto, foi para a comédia romântica de Allen, uma decisão que até hoje, 40 anos depois, causa controvérsia.
Muitos entenderam a decisão como um sinal de que a Academia não levava a sério filmes de ficção científica.
Olivia Colman fura fila de Glenn Close (2019)
Glenn Close chegou ao Oscar 2019 como a atriz viva com o maior número de indicações ao Oscar.
As premiações anteriores ao Oscar indicavam que sua sétima indicação se converteria em uma estatueta com a sua atuação em A Esposa.
Corta para o choque na plateia do Dolby Theatre, quando foi anunciado o prêmio para a atriz britânica Olivia Colman, deixando Close na fila.
Sylvester Stallone e ‘Rocky, um Lutador’ (1977)
Taxi Driver – Motorista de Táxi e Todos os Homens do Presidente são alguns dos filmes mais celebrados de todos os tempos e estavam na lista de indicados ao Oscar em 1977.
Mas o vencedor foi… Rocky, um Lutador, estrelado por Sylvester Stallone.
Mas Rocky não teve exatamente uma trajetória de azarão. Chegou à cerimônia também tendo sido aclamado com outras premiações de prestígio. Tinha também sido o filme com maior bilheteria no ano anterior.
Os cinco minutos de Beatrice Straight (1977)
é uma arte que requer sacrifícios.
Por isso a vitória de Beatrice Straight em 1977 causou tanta surpresa. Ela ganhou o Oscar para Melhor Atriz Coadjuvante após uma atuação de apenas 5 minutos na tela no filme Network: Rede de Intrigas.
Doze anos depois, Judy Dench também ganhou depressa. Sua atuação premiada como Melhor Atriz Coadjuvante em Shakespeare Apaixonado durou apenas oito minutos.
Kevin Costner dá baile em Martin Scorsese e Francis Ford Coppola (1991)
Dança com Lobos era o favorito da noite na categoria Melhor Filme em 1991.
Mas apesar da frequência com que a Academia concede Melhor Filme e Melhor Diretor em dobradinha, poucos esperavam o triunfo de Kevin Costner atrás das câmeras. Primeiro porque entre seus concorrentes estavam os pesos-pesados Martin Scorsese e Francis Ford Coppola. Segundo porque Dança com Lobos era o trabalho de estreia do também ator como diretor.
Kostner saiu triunfante como diretor, mas perdeu na categoria Melhor Ator, na qual também concorria pelo mesmo filme, para Jeremy Irons.
‘Shakespeare Apaixonado’ derruba ‘O Resgate do Soldado Ryan’ (1999)
Shakespeare Apaixonado estava longe de ser um azarão em 1999 com suas 13 indicações.
Mas poucos esperavam que pudesse derrubar O Resgate do Soldado Ryan, o dramático filme de Steven Spielberg sobre a Segunda Guerra Mundial.
A expectativa continuou quando Spielberg levou o Oscar de Melhor Diretor, o penúltimo da noite antes do de Melhor Filme.
Mas a comédia romântica foi quem riu por último.
A hora e a vez de Marisa Tomei (1993)
Em 1993, mais uma vez, a corrida na categoria Melhor Atriz Coadjuvante estava repleta de gigantes.
Judy Davis, Miranda Richardson, Vanessa Redgrave e Joan Plowright, atrizes de formação clássica, disputavam com uma menos experiente e menos conhecida atriz de TV.
A surpresa com a vitória de Marisa Tomei pela atuação em Meu Primo Vinny não poderia ter sido maior. Mesmo a indicação da atriz já havia sido alvo de questionamento por parte de críticos de cinema.
Coppola, o chefão sem poder (1973)
O Poderoso Chefão é um dos mais admirados filmes da história do cinema. E o crédito vai quase todo para seu diretor, Francis Ford Coppola.
O filme ganhou 3 Oscars em 1973, incluindo o de Melhor Filme.
Mas o Oscar de Melhor Diretor foi para Bob Fosse, de Cabaret.
Em 1975, quando ganhou o Oscar pela sequência de O Poderoso Chefão, Coppola fez um discurso sarcástico.
“Quase ganhei isso (o Oscar) pela primeira parte deste mesmo filme”, disse.
Oscar: ‘Parasita’ e outras surpresas históricas da premiação
fev 11, 2020RedaçãoCinemaComentários desativados em Oscar: ‘Parasita’ e outras surpresas históricas da premiaçãoLike