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segunda-feira 23 dezembro 2024
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Os pais e o egoísmo dos filhos – Erramos na educação?

• Marcus De Mario – Instituto Brasileiro de Educação Moral-IBEM/RJ
Quando os filhos já são jovens adultos, muitos pais ficam surpresos com o exagerado egoísmo demonstrado por eles. Gastam o dinheiro da mesada ou do salário com compras particulares, de roupas e outras coisas, que servem apenas a si próprios. Não se preocupam em auxiliar as despesas da família. Não medem despesas com o carro, mas só para as suas necessidades, entre elas festas e baladas, ficando furiosos quando lhe pedem o carro emprestado. Abarrotam o quarto com roupas, calçados, objetos os mais diversos, e dizem que, mesmo não mais os utilizando, eles devem ficar onde estão, pois dar para quem precisa é coisa de otário. Criticam a vida de familiares e amigos, mas ai de quem ousar em reclamar alguma coisa deles mesmos, partindo muitas vezes para a agressão para defender os seus direitos.
Diante desses quadros, dos quais só retratamos alguns, os pais se perguntam onde erraram na educação dos seus filhos. Como podem eles demonstrar tanto egoísmo se tudo foi feito para que se tornassem bons e honestos? Recomendamos aqui a leitura e reflexão da questão 385 de O Livro dos Espíritos.

E, diante dessa pergunta, logo vem a autodesculpa: é a índole má que, se antes não demonstrava, agora, adulto, coloca para fora, mostrando o que ele é realmente. Só esperava o momento e as condições propícias para eclodir. E arrematam: também, com toda essa má influência dos meios de comunicação e dos grupos sociais, não há mesmo como a educação dada prevalecer.

Sem dúvida que uma má índole pode permanecer por um bom tempo encoberta, camuflada, para despontar, ou melhor, para se mostrar por inteira apenas quando o indivíduo se sente seguro de si mesmo, o que muito ocorre quando ele chega na juventude. Entretanto, é bom lembrar que os pais são os responsáveis pela formação moral dos seus filhos, cabendo-lhes prevenir futuros desvios através da educação.

A má influência proporcionada pelos meios de comunicação ocorre, e muitos são os jovens que se deixam enganar por propagandas tendenciosas, por filmes e também programas televisivos que defendem valores negativos, mas os meios de comunicação como jornais, revistas, rádio, tevê, cinema, internet possuem também o seu lado de influência positiva, assim creditar a má índole do seu filho exclusivamente ao poder da mídia é limitar demais a possível causa. E não compete aos pais acompanhar e trabalhar essa influência?

Mas, e os grupos sociais? Não são eles muitas vezes perniciosos para a formação do caráter do jovem? Não é a influência do meio que arrasta para as drogas, para as bebidas etc? Se assim fosse, com exclusividade, deveríamos trancar nossos filhos em casa, não permitindo sequer sua frequência à escola. Mas nenhum pai, em sã consciência, irá defender essa atitude. É a educação que deve mostrar aos nossos filhos o bem e o mal, que deve fazer com que desenvolvam o senso moral, sabendo escolher os verdadeiros amigos. Esse trabalho é responsabilidade dos pais.
Enfim, percebemos que as influências externas existem e nem sempre são positivas, e que uma pessoa pode camuflar seu verdadeiro caráter por muito tempo, pelo menos ostensivamente na frente dos pais, mas compreendemos que nenhum desses fatores é decisivo para explicar o que são nossos filhos, agora adultos.

A melhor explicação, que não é exclusiva, mas sem dúvida de efeito devastador, é a má educação que os pais dão aos filhos. Pequenos deslizes morais repetidos continuamente; falta de repreensão no momento certo; exemplos equivocados que instigam a desonestidade, a mentira e outros vícios do caráter; proteção exagerada aos atos dos filhos, mesmo que estejam errados; tudo isso somado e temos a melhor explicação para o egoísmo que caracteriza a atual geração, com suas exceções, é claro.

Os pais precisam avaliar sua própria educação, seus valores e seus exemplos, pois não há maior influência sobre os filhos do que a educação que se propicia no lar, no aconchego familiar. E devem estar atentos para as tendências de caráter que os filhos revelam desde o berço, trazidas das vidas anteriores, tratando de renová-las quando más, ou reforçá-las quando boas.

Egoísmo se combate com bons exemplos, disciplina, trabalho, conduzindo nossos filhos para a responsabilidade coletiva, para a cidadania que se ergue nas bases sólidas da ética.