Depois de um mês intenso, tanto pela quantidade de partidas de futebol quanto pela emoção que elas geraram, a Copa do Mundo da FIFA se despede da Rússia e os holofotes se voltam ao Catar, para a organização do evento em 2022. Em muitos sentidos, a Copa no Catar promete ser muito diferente da realizada na Rússia.
Em comum, a eleição das duas sedes foi vista com desconfiança, especialmente porque as candidaturas desses países venceram concorrentes com mais tradição no futebol e/ou infraestrutura de estádios e das cidades, como Estados Unidos, Austrália, Inglaterra, Japão e Coreia do Sul. Até hoje, existem investigações abertas buscando resposta às denúncias de corrupção dessas escolhas. Tanto a Rússia quanto o Catar buscaram sediar o megaevento esportivo para melhorar sua imagem e comunicar ao mundo sua força e suas potencialidades para negócios e para o turismo.
Talvez as semelhanças terminem por aí. Isso porque Rússia e Catar têm características opostas: a primeira é conhecida por ter o maior território do mundo e uma das maiores populações, com mais de 140 milhões de pessoas, enquanto o segundo é relativamente desconhecido, com uma população equivalente à da cidade de Fortaleza (por volta de 2,6 milhões de habitantes). Se o Catar fosse um estado brasileiro, seria o segundo menor território, à frente apenas do Distrito Federal. Outra oposição em relação aos dois países é o clima – se a Rússia remete a ideia de frio e à neve, o Catar é lugar de deserto e calor. Por lá, as temperaturas máximas variam entre 39 e 42 graus de maio a setembro, período de verão no hemisfério norte. Inclusive, por isso, a data de realização da Copa vai mudar: tradicionalmente realizado em junho e julho, o próximo torneio será entre 21 de novembro e 18 de dezembro de 2022, inverno no país, com temperaturas entre 16 e 30 graus.
Até o apito inicial do árbitro na abertura, o Catar terá de lidar com uma série de desafios. Não no sentido de novas construções, que estão relativamente avançadas graças aos grandes investimentos financeiros do país de maior renda per capita do mundo.
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Mas pelas denúncias de abuso e exploração do trabalho de imigrantes, pelas relações internacionais complexas com seus vizinhos árabes e até mesmo pelos conflitos de interesse com um dos principais patrocinadores da FIFA, com a venda e consumo de bebidas alcóolicas em um país de maioria muçulmana. Sobre esse assunto, em especial, o Brasil já tem experiência, afinal, houve uma situação de exceção, pois a legislação que previa a proibição de bebidas alcóolicas em estádios foi adequada para permitir sua venda durante a Copa de 2014.
Apesar dos desafios e das possíveis propagandas negativas decorrentes do evento, a aventura do Catar pelo Mundial não é em vão nem descolada de outras estratégias: o país tem investido na promoção de outros grandes eventos esportivos e em equipes de futebol conhecidas, com destaque para o time de Neymar, o Paris Saint-German, da França. Investimento esse que, ao que tudo indica, permitiu o pagamento da grande multa ao Barcelona, que tornou a mudança de equipe a movimentação mais cara na história do futebol. No cenário nacional, o Catar tem se utilizado da naturalização de atletas para representar o país em eventos internacionais e também promove a prática esportiva na busca por uma sociedade mais saudável.
Após o apito final entre França e Croácia em Moscou, começamos a nos familiarizar com esse pequeno e rico país, torcendo para que ele entre na história como palco da conquista da esperada sexta estrela na camisa da seleção brasileira.
Autora: Prof. Dra. Bárbara Schausteck de Almeida da Licenciatura e Bacharelado em Educação Física do Centro Universitário Internacional Uninter.